O assunto é sempre atual e os alemães, de fato, se preocupam com a preservação ambiental. Mas pesquisa da Agência Federal de Meio Ambiente da Alemanha revelou que há grande diferença entre o que é dito e o que é feito.
O tema meio ambiente permanece como um dos mais atuais na Alemanha. Para os cidadãos do país, a preservação da natureza e a garantia das bases da vida aparecem na lista dos tópicos políticos mais importantes, logo após as políticas de mercado de trabalho e econômica.
Esse é o resultado de um estudo realizado pela Agência Federal de Meio Ambiente da Alemanha, que a cada dois anos investiga o grau da consciência ambiental dos alemães. E a pesquisa feita recentemente mostrou que os alemães se dizem mais conscientes do que, de fato, são.
Marianne Schumann, de 55 anos, tem um comportamento que se aplica a muitos alemães. Na companhia do marido e do gato, ela mora em Berlim e diz ter consciência ambiental, ser cuidadosa e não considerar trabalhoso o fato de estar atenta ao meio ambiente em seu cotidiano. Os Schumann compram pouca carne, observam se os legumes e as frutas receberam pesticidas e usam com frequência o sistema público de transporte.
No entanto, Marianne também precisa admitir que nem tudo é tão perfeito quanto parece. "Nós separamos o lixo, mas não da mesma maneira como fazíamos há alguns anos. Nós separamos o papel e as garrafas, mas depois que eu vi uma reportagem na TV que dizia que o lixo separado, posteriormente, de algum jeito, volta a se misturar, nós não seguimos as regras de separação tão à risca como antigamente."
De 2008 para cá
Jochen Flasbarth, presidente da agência ambiental alemã, considera que o estudo mostra que há uma grande consciência ambiental entre os alemães – no entanto, existe também uma considerável diferença entre a pretensão e a realidade.
Por exemplo, 85% dos entrevistados concordam com a afirmação: "Nós precisamos de uma transição consistente para fontes de energia renováveis." No entanto, a porcentagem de consumidores desse tipo de energia aumentou de apenas 3% para 8% entre 2008 e 2010.
Apenas 25% dos participantes da pesquisa consideram atraente o conceito do car-sharing, ou seja, dividir o carro. E 34% dos alemães compram alimentos orgânicos – em 2008, esse índice era de 43%.
"Esse é um resultado conhecido que vem da economia política, quando se trata de bens públicos, a vontade de prestar uma contribuição individual é menor quando essa contribuição provoca, nos olhos do agente, efeito menor em comparação com uma ação coletiva. Ou seja, quando eu estou numa rodovia e sou o único a dirigir a 100 km/h, porque me preocupo com o meio ambiente, e todos os outros me ultrapassam, então a disposição de fazer algo pela sociedade diminui", exemplifica Flasbarth.
É preciso fazer mais
Os cidadãos alemães gostam de enxergar, nos outros, a necessidade de ação. É o que dizem 62% dos entrevistados: o governo não faz o suficiente em prol do meio ambiente. Em relação à indústria, 90% dos entrevistados têm a mesma opinião.
"Por exemplo, 85% acham que a indústria automobilística poderia fazer mais pelo meio ambiente e proteção climática, por meio de uma produção de veículos de menor impacto ambiental. E 82% dos alemães querem que a política faça mais pressão sobre a economia para que haja maior contribuição para o meio ambiente e proteção climática. E 75% dos entrevistados aguardam leis mais severas e diminuição de subsídios que prejudicam o meio ambiente", esclarece Jochen Flasbarth.
Além disso, cada vez mais cidadãos gostariam que a Alemanha assumisse um papel pioneiro na proteção internacional do clima. A berlinense Marianne Schumann, por exemplo, espera que a política dê mais exemplos: enquanto os políticos permanecerem circulando pelo mundo, apesar dos celulares e telefones com vídeo, ela também não irá abrir mão de suas viagens de longa distância.
(Deutsche Welle, 17/12/2010)