Em tempos de discussões sobre mudanças climáticas, o Grupo de Trabalho Mudanças Climáticas, Pobreza e Desigualdades (GTMC), coordenado pelo Comitê de Entidades no Combate à Fome e pela Vida (COEP) pensou, em 2008, em estratégias que pudessem gerar e fortalecer práticas de adaptação às mudanças climáticas.
Desde então, foram feitas pesquisas, em parceria com universidades, sobre impactos ambientais em comunidades de diferentes biomas. "Também avaliamos o que as empresas estão fazendo para minimizar os impactos, no âmbito da adaptação às mudanças climáticas e pensamos em incluir a questão dos impactos humanos nos processos políticos", relatou o presidente da COEP, André Spitz.
O resultado deste processo é que no último mês de novembro, durante um Seminário do GTMC, realizado em Brasília, foi lançado o Banco de Práticas Clima, Vulnerabilidade e Adaptação. A ideia é disponibilizar um banco de dados para agregar os projetos que se enquadrem como práticas de adaptação, já desenvolvidos por diversas organizações em todo o Brasil, e, assim, ampliar a divulgação de iniciativas que tenham enfoque nas mudanças climáticas e que possam servir de exemplo para novos projetos de adaptação.
"A proposta é que as organizações possam incluir suas práticas e fortalecer a ideia de que existem ações de adaptação às mudanças climáticas", disse. André exemplificou o projeto da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), para a construção de um milhão de cisternas (que armazena água em regiões secas) na região semiárida do Nordeste do país, como uma prática de adaptação às mudanças climáticas.
"Os projetos ligados à agricultura familiar, na maioria das vezes, e mesmo que não tenham esta denominação, se encaixam nas ações de adaptação às mudanças climáticas. Todo projeto que pensa na questão ambiental, acaba pensando na questão social e se encaixando em práticas de adaptação", esclareceu.
Outros exemplos são limpeza de córregos e nascentes e implantação de hortas comunitárias, reflorestamento, recuperação de áreas degradadas, sistemas agroflorestais e agroecologia.
O presidente da COEP disse ainda que também é objetivo da COEP inserir o tema nos debates, planos e políticas públicas, e que para isso, já foi elaborada a "primeira proposta do que seria um Plano Nacional de Adaptação às mudanças climáticas". Ele relatou que no seminário de lançamento do Banco de Práticas estiveram presentes representantes do governo que se comprometeram em receber o documento e fortalecer a ideia do Plano Nacional.
O banco está aberto a receber e divulgar iniciativas consideradas de adaptação às mudanças climáticas já em execução, de qualquer entidade ou organização, como empresas, organizações governamentais ou não governamentais, associações e universidades.
Para cadastrar uma ação que se enquadre como exemplo de adaptação às mudanças climáticas, basta acessar o Banco de Práticas no endereço: http://www.coepbrasil.org.br/projetosdeadaptacao/publico/, preencher um formulário online e seguir as instruções.
Mais informações pelo e-mail coep@coepbrasil.org.br ou pelo telefone (21) 2528-2154.
(Por Tatiana Félix, Adital, 17/12/2010)