A Braskem prepara a expansão da produção de butadieno (matéria-prima utilizada na fabricação de borracha sintética) no polo de Triunfo. A empresa já solicitou para a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) licença prévia para a instalação de uma unidade com capacidade para 100 mil toneladas ao ano desse petroquímico básico.
Atualmente, a Braskem possui no Rio Grande do Sul uma capacidade instalada para produção de até 105 mil toneladas anuais da matéria-prima. Com a nova planta, a companhia dobrará a oferta.
A ideia de ampliar esse potencial surgiu, inicialmente, em 2005, pela Copesul (depois incorporada pela Braskem). O projeto original previa ampliar a produção para acompanhar o crescimento de duas grandes companhias da cadeia da borracha do Estado: Petroflex (hoje Lanxess) e Borrachas Vipal. O butadieno serviria de insumo para a ex-Petroflex, produtora de borracha sintética, que por sua vez forneceria matéria-prima à Vipal, que processaria o material, fabricando componentes para reformas de pneus e câmaras de ar. Naquela época, a Copesul estimava em cerca de US$ 70 milhões o investimento na nova unidade de butadieno.
O diretor da MaxiQuim Assessoria de Mercado Otávio Carvalho aponta que a diferença do empreendimento atual para o anterior é que a maior parte da futura produção, em princípio, deverá ser destinada à exportação. Ele relata que o mercado mundial de borrachas sintéticas está aquecido devido à recuperação de alguns segmentos da economia como, por exemplo, o automotivo. No entanto, Carvalho não descarta a possibilidade de que a Lanxess aumente sua produção no polo de Triunfo e em algum momento adquira butadieno da nova planta da Braskem.
Carvalho destaca ainda que a maior parte das expansões de complexos petroquímicos no planeta nos últimos anos foi feita a partir do gás natural como matéria-prima e não da nafta, que é empregada no polo de Triunfo. "E do gás natural não se pode fazer butadieno", explica o diretor da MaxiQuim. O executivo calcula entre um e dois anos o tempo necessário para instalar uma unidade do gênero. A própria Braskem admite a valorização recente do produto. No balanço do segundo trimestre deste ano, a companhia salientou a alta de preços principalmente de petroquímicos básicos, como foi o caso do butadieno, que teve um incremento de 219% em relação ao mesmo período em 2009.
Outra fonte acredita que a decisão da Braskem de elevar a produção está relacionada à operação da Vipal em parceria com a argentina Fate prevista para o distrito industrial de Guaíba. O projeto prevê a construção, a partir de janeiro de 2011, de uma unidade de produção de pneus agrícolas e de passeio, na área anteriormente destinada à Ford. A previsão é de que a fábrica seja entregue em 24 meses, a partir do início dos trabalhos de construção. O investimento previsto para a instalação da primeira fase da unidade é de R$ 404 milhões.
(Por Jefferson Klein, JC-RS, 16/12/2010)