Existem semelhanças entre o acidente da BP (British Petroleum) no golfo do México, neste ano, e um grande escape de óleo pouco relatado no Azerbaijão, em 2008, segundo telegramas divulgados pelo Wikileaks e reproduzidos no site do jornal britânico "The Guardian".
Os documentos revelam que parceiros da BP no campo de extração de petróleo ficaram chateados com a empresa por ela ter tratado o acidente de forma discreta e omitir informações. Eles também afirmam que a BP teve sorte, pois transferiu 212 trabalhadores em segurança após o incidente, que resultou em dois campos fechados.
Outros telegramas mostram que o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, acusou a BP de roubar US$ 10 bilhões de petróleo de seu país e usou uma "suave chantagem" para garantir os direitos de exploração nas reservas de gás na região do mar Cáspio.
Os dois acidentes possuem outro ponto em comum, uma possível falha no cimento usado no poço tanto do Azerbaijão quanto no da BP.
Mas o então chefe da BP do Azerbaijão, Bill Schrader, admitiu poucas semanas após o acidente que era possível que a empresa "nunca soubesse" a causa, embora "continuasse a investigar metodicamente possíveis teorias". Questionada pelo jornal britânico, a empresa não se pronunciou sobre o que teria provocado o acidente no país.
A BP também foi criticada por não compartilhar todas as suas informações com as autoridades dos EUA sobre a escala do derramamento do golfo.
O campo de petróleo no mar Cáspio estava em produção quando vazou, ao contrário do poço no golfo, que estava sendo perfurado para explorar petróleo.
(Folha.com, 16/12/2010)