A indústria de celulose e papel espera encerrar este ano com crescimento. É a avaliação da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), que apresentou, em São Paulo, os números do setor em 2010. Mas pequenos produtores que não trabalham pelo sistema de fomento da indústria esperam uma situação diferente.
A indústria de celulose e papel prepara investimentos. A expectativa é aplicar US$ 20 bilhões até 2020 e ampliar em 45% a área plantada: passaria de 2,2 milhões para 3,2 milhões de hectares. Neste ano, o segmento de celulose deve crescer 5,1% em relação a 2009 e o de papel deve ter um aumento de 3,4%. As exportações também devem crescer neste ano: 0,41% na celulose e 3,1% no papel. Para 2011, a associação espera uma estabilização nos preços da celulose e a continuidade da expansão do segmento.
– Os preços da celulose devem se acomodar no mercado mundial. Nós tivemos picos de crescimento em 2010 e a tendência é que se acomodem em 2011. Mas eles vão se acomodar em níveis bastante satisfatórios para o mercado – diz a presidente-executiva da Bracelpa, Elizabeth de Carvalhaes.
Entretanto, nem todos estão otimistas. É o caso da Cooperativa Agrícola Mista do Alto Tietê de Eucalipto (Camat), em Salesópolis, interior paulista, que não trabalha pelo sistema de fomento da indústria. Comercializa a madeira de forma independente. Produtores como eles correspondem a 11,4% do setor. Em 2010, a cooperativa vendeu 36 mil metros cúbicos de madeira para a indústria, três vezes menos que no ano passado, que representou 62 mil metros cúbicos.
– A gente acaba colocando cota aos cooperados e aí isso inflaciona o mercado. Nós investimos na propriedade, plantamos o eucalipto, esperamos ele dar ponto de corte e quando chega na hora de vender, não tem pra quem vender – avaliou o diretor-presidente da Camat, Genival de Melo Bruno.
Para 2011, o produtor de eucalipto José Reno do Prado está pessimista.
– Acho que será uma das piores crises para o eucalipto na nossa região, porque é o reflexo da crise de 2008 e 2009. Uma é que o dólar está baixo e a outra é que aumentou muito as plantações de eucalipto nesta região – desabafou Prado.
(Canal Rural, 16/12/2010)