O diretor presidente da Fibria, Carlos Lira Aguiar, foi um dos palestrantes do 5º Encontro de Lideranças Empresariais. Ele falou sobre a situação da empresa, investimentos e as ações que estão sendo desenvolvidas na área de sustentabilidade.
Como está a situação da Fibria?
Durante 2010 fizemos um esforço concentrado na questão da redução da dívida da empresa e tem um indicador importante, a dívida líquida sobre o EBTDA. Esse indicador, que no início do ano estava em sete vezes, agora está em 3,9 vezes, com uma demonstração acentuada da dívida. Isso se deu com o máximo de eficiência das operações, o preço da celulose mo mercado internacional ajudou e também um esforço grande na melhoria da composição da dívida. Aumentamos o prazo da dívida, reduzimos as taxas de juros dessa dívida com negociações e temos agora uma trajetória de queda bastante importante, que já permite pensar em investimento
Quais são os investimentos previstos para 2011?
Para 2011 foi aprovado R$ 1,7 bilhão de investimento. Desse valor, R$ 400 milhões vão ser em crescimento. Vamos reparar as florestas de Três Lagoas )MS) onde está a nossa maior fábrica individual. Lá já temos 30 mil hectares de florestas prontas. Precisamos de 150 mil hectares de florestas plantadas e vamos agora iniciar o processo para que possamos partir nossa fábrica lá a partir do segundo semestre de 2014.
E o restante do dinheiro?
R$ 1,3 bilhão que resta do total de R$ 1,7 bilhão, vamos investir em modernização, em recuperação de questões ambientais. O restante são em investimentos que chamamos de sustentação, que são reformas de florestas, manutenções de fábricas.
Quanto será investido no Espírito Santo?
Para o Espírito Santo está previsto investimento em torno de R$ 90 milhões em modernização da fábrica A. Estamos trocando o branqueamento de 1978 por um ultramoderno, cerca de R$ 200 milhões em área florestal. Vamos fazer uma reforma importante das florestas aqui no Espírito Santo, porque em 2008 e 2009, por conta da crise, o que cortou deixou rebrotar não foi colocado nada de novo no lugar. Em 2011, quando a árvore for cortada, vamos colocar um novo clone com maior potencial de produtividade, com qualidade superior ao que temos hoje.
Vai ampliar a área plantada?
Não. Vamos renovar o que já tem plantado, mas com qualidade diferenciada e com rendimento melhor, coisa que não fizemos em 2008, 2009 e 2010, por conta da crise. Isso significa também que vai gerar mais emprego, porque quando deixar a árvore crescer não precisa de tantas mudanças como a de quando vai se colocar uma árvore nova, o que chamamos de implantação.
Quantos empregos serão gerados?
Calculo que vai aumentar, em Aracruz, umas 660 a 700 pessoas na área florestal.
E para os próximos anos, no cenário de 2020, o que está previsto de investimento?
A sequência da Fibria é fazer Três Lagoas em 2014, Veracel (BA) sairá provavelmente em 2015/2016, a segunda fábrica e, talvez, a fábrica D, no Espírito Santo, para 2020. Essa é previsão de investimento.
A fábrica no Espírito Santo não estava inicialmente prevista para antes de 2020?
A gente vai colocar a fábrica do Espírito Santo mais no final da linha porque já tem plantios prontos em Três Lagoas e em Veracel. Para cá vai precisar preparar florestas desde o zero. As florestas que temos hoje para atender à produção atual estão no limite, ali não sobra mais nada, até porque fizemos a doação de 11 mil hectares para as comunidades indígenas e não repusemos isso. Estamos repondo com o crescimento de produtividade da própria floresta.
O que está previsto de investimento, então, até 2020?
O investimento nosso normal para manter a empresa operando tal e qual é em torno de R$ 1,2 bilhão. Isso vamos fazer até 2020, todo ano, que é muito dinheiro. Desses R$ 1,2 milhão, cerca de 40% ficam no Espírito Santo, R$ 350 a R$ 400 milhões. Isso é para a manutenção das operações existentes. Para a nova unidade de Três Lagoas tem um investimento que vai beirar os R$ 5 bilhões, que seria em 2013/2014. O da Veracel ainda não sabemos o número.
Qual é a produção atual da Fibria?
Hoje é de 5,4 milhões de toneladas por ano. Nossa idéia para 2020 é chegar a 10 milhões de toneladas, praticamente dobrando a produção. Queremos dobrar a capacidade em dez anos.
(JPTL, 16/12/2010)