Entre os dias 6 e 10 de dezembro centenas de pesquisadores, estudiosos e técnicos estiveram reunidos em Belém, no Pará, para o 1º Simpósio Brasileiro de Saúde Ambiental (SIBSA). O evento teve o objetivo de promover a troca de experiências e a discussão sobre os desafios teóricos e práticos na área de saúde ambiental e os danos que são causados pelo uso abusivo de agrotóxicos.
A iniciativa foi da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO), com apoio do Departamento de Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador (DSAT) da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde e do Instituto Evandro Chagas (IEC).
Durante uma das conferências, intitulada "A ciência, a produção de conhecimentos e os processos emancipatórios", o presidente da ABRASCO, Luiz Facchini, falou sobre a importância do conhecimento científico na melhoria das condições de saúde da população. Para ele, estudos e ciência são elementos fundamentais para o desenvolvimento de novos processos que possibilitem a diminuição das desigualdades sociais e a melhoria nas condições de saúde da população.
Facchini também falou sobre as perspectivas para a área da saúde nos próximos anos. "A melhoria da saúde no século XXI depende de avanços nas teorias, concepções e práticas e do trabalho conjunto entre os diversos setores. A articulação com outros saberes além da saúde coletiva ainda é um desafio", disse.
O Simpósio foi encerrado com a aprovação de moções contra o uso de agrotóxicos. Na Carta da Saúde Ambiental, os participantes ressaltaram que desde 2008 o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo e que a liberação comercial destes produtos implicam na contaminação dos ecossistemas e matrizes hídricas, causando problemas não só para as áreas rurais, mas atingindo também a área urbana.
"Estudos evidenciam que o nível e a extensão do uso dos agrotóxicos no Brasil está comprometendo a qualidade dos alimentos e da água para o consumo humano", alertam. Eles relatam ainda que as práticas de pulverização aérea destes produtos contaminam grandes extensões, contaminando e impactando toda a biodiversidade do entorno, inclusive as águas da chuva.
Para enfrentar a bancada ruralista e as corporações transnacionais que defendem a ampliação do pacote tecnológico 'agrotóxicos-transgêneros-fertilizantes', a Via Campesina está organizando, junto com outras organizações sociais, a Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e Pela Vida, que será lançada em 7 de abril de 2011, data em que é comemorado o Dia Mundial da Saúde.
Os pesquisadores, profissionais e demais militantes da saúde ambiental, presentes no simpósio, se comprometeram, por meio do documento, "em desenvolver pesquisas, tecnologias, formar quadros, prestar apoio aos órgãos e instituições compromissadas com a promoção da saúde da sociedade brasileira, e com os movimentos sociais no sentido de proteger a saúde e o meio ambiente na promoção de territórios livres dos agrotóxicos, e fomentar a transição agroecológica para a produção e consumo saudável e sustentável".
Além da ABRASCO, outras organizações científicas como a Associação Latino-americana de Sociologia Rural, também apóiam a Campanha Permanente contra os Agrotóxicos.
(Por Tatiana Félix, Adital, 15/12/2010)
* Jornalista da Adital