O sério trabalho desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa da Mata Atlântica (Ipema), no Estado, em busca do manejo e da conservação do muriqui, aumentou a possibilidade de vida da espécie. Entretanto, a preservação das florestas – ameaçada pelas novas mudanças no Código Florestal que estão em votação em Brasília – continua sendo um problema para a espécie, que se arrisca entre um fragmento e outro para acasalar.
A informação foi publicada pelo Informa do Projeto Corredores Ecológicos, outro forte parceiro na luta pela reconstrução de corredores florestais no Estado.
O alerta, segundo o informe, vale principalmente para as regiões serrana e de relevo acidentado, freqüentadas por estas espécies. No Estado, a espécie se concentra principalmente nas regiões do Caparão, Santa Teresa e Santa Maria de Jetibá.
“Acredita-se que a colonização pomerana foi fundamental para a manutenção da espécie em Santa Maria do Jetibá. Apesar de o município não possuir nenhuma unidade de conservação, ele ainda abriga um número relativamente alto de indivíduos, o que é explicado pela falta de tradição de caça na cultura dos pomeranos”.
A informação é que os animais se tornam vulneráveis a partir dos seis anos de idade, quando as fêmeas se tornam adolescentes e deixam o grupo em busca de outros parceiros para a reprodução. E é neste momento que a fragmentação os deixa vulneráveis.
“Quando a fêmea do muriqui não consegue chegar até outros grupos, ela tem duas opções: ou fica sozinha, isolada, ou volta para o seu grupo”.
É neste contexto que a ela pode ser caçada ou sofrer algum acidente.
Segundo os especialistas, ambos os casos são prejudiciais à continuidade da espécie, já que no primeiro não há reprodução e no segundo a reprodução ocorre, mas com membros da mesma família, o que pode trazer problemas genéticos que dificultarão a sobrevivência da espécie.
Para ambientalistas, esta espécie sobrevive graças à falta de cultura de caça do povo pomerano e pelo empenho de projetos como o Corredor Ecológico, que, além de efetuar o plantio de mata atlântica, buscando a formação de corredores que se conectem, contribuem para a sobrevivência de inúmeras espécies.
No Estado, a espécie que se alimenta de folhas e frutos e tem hábitos diurnos. Cada indivíduo pode chegar a até um metro de altura. Isso sem contar a cauda, considerada longa e tida como uma das suas principais características.
A espécie vem sendo acompanhada em Santa Maria de Jetibá, onde já se mostrou resistente por sobreviver em uma área consideravelmente pequena para permitir sua permanência.
Dos cerca de 1 milhão de muriquis que existiam na época da chegada dos portugueses ao Brasil restaram apenas mil.
No mundo, 29% das 394 espécies conhecidas de primatas estão sob o risco de extinção. As principais ameaças aos macacos são a destruição das florestas tropicais, especialmente na Ásia - em parte para a produção de biodiesel, como no caso na Indonésia e da Malásia -, o comércio ilegal de animais silvestres e a carne de caça, especialmente na África.
(Século Diário, 13/12/2010)