A pedido da BBC Brasil, a ministra brasileira do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, avaliou com nota 7,5 o acordo fechado ao fim da reunião das Nações Unidas sobre o clima, em Cancún, neste sábado.
"Tem coisas até que surpreenderam. A questão do fundo verde, do Redd", disse a ministra. Ela acrescentou que 2011 será um "ano de muito trabalho" para que Durban, cidade na África do Sul onde acontece a próxima cúpula climática, possa ser um sucesso.
No entanto, para muitos analistas, os avanços foram apenas modestos, mesmo tendo ficado acima das expectativas sobre o encontro.
Ao lançar as fundações para um futuro tratado internacional de combate às mudanças climáticas, os acordos de Cancún ficaram acima das expectativas sobre o encontro mexicano.
"Ainda não chegamos lá. Em Durban, precisamos de um acordo global que ajude os países a construir uma economia verde e que responsabilize poluidores", afirmou o diretor de política climática do WWF, Wendel Trio.
ADIAMENTEO DAS DECISÕES
No que diz respeito a ações de adaptação à mudança do clima, assuntos difíceis, como a lista de países mais vulneráveis e mecanismos para indenizar países que sofram perdas permanentes ou danos, também ficaram para o ano que vem.
Para Poul Erik Lauridsen, coordenador de política de mudança climática da organização não-governamental Care, é necessário adotar cautela diante do progresso de Cancún, já que "questões difíceis de mitigação e finanças continuam sem solução".
Um dos assuntos mais importantes para o Brasil, o mecanismo de proteção de florestas Redd (redução de emissões por desmatamento e degradação) também não escapou de críticas.
Para a ONG Amigos da Terra, o sistema de Redd precisa ser financiado por verbas públicas. No entanto, o acordo de Cancún também deixou essa decisão para o ano que vem.
"Mecanismos para acabar com o desmatamento não devem permitir que países ricos continuem a emitir carbono. Florestas não são estoques de carbono e não devem ser comercializadas", afirmou a ambientalista Lúcia Ortiz.
O resultado de Cancún foi considerado "modesto" pelo grupo ambientalista americano Environmental Defense Fund.
O grupo destacou a aprovação do sistema de proteção de florestas, mas disse que como um todo, o resultado representa apenas "uma fração do que é necessário".
(Folha.com, 11/12/2010)