O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior lançará no começo do próximo ano edital para contratar a empresa que realizará levantamento sobre os impactos ambientais, técnicos e econômicos da reciclagem energética. O trabalho, que será acompanhado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), analisará as características de lixos em cinco cidades de diferentes regiões do País.
A pesquisa deve ser concluída ainda em 2011. A técnica sênior em projetos da ABDI, Ana Sofia Brito Peixoto, adianta que a iniciativa é o primeiro passo para uma segunda etapa que será a implantação de uma planta-piloto de uma usina que utilizará os resíduos para gerar energia. A forma como se dará o investimento nessa termelétrica não está definida, relata Ana Sofia, mas uma possibilidade é através de uma parceria entre governo e empresas privadas.
A ideia interessa, principalmente, aos empreendedores ligados à cadeia do plástico. Esses materiais são muito empregados na reciclagem energética devido ao seu potencial como combustível. Conforme informações divulgadas pela petroquímica Braskem, a energia contida em um quilo de plástico é equivalente a um litro de óleo combustível. Não bastasse a economia e recuperação de energia, com a reciclagem energética há uma redução de 70% a 90% da massa do material, restando apenas um resíduo inerte esterilizado. O processo industrial evita o acúmulo em lixões e aterros.
O coordenador do Comitê de Reciclagem do Sindicato das Indústrias de Material Plástico no Estado do Rio Grande do Sul (Sinplast-RS), Luiz Hartmann, espera que a medida do Ministério do Desenvolvimento ajude a criar um programa de governo, que funcionaria como uma espécie de marco regulatório dessa atividade. O dirigente afirma que o lixo produzido por uma comunidade, quando utilizado como combustível de usinas, pode atender em média a 30% do consumo de eletricidade desse grupo.
Ele argumenta que um programa de governo seria uma ferramenta que traria algumas vantagens para os investidores dessa área como, por exemplo, mais facilidade para obtenção de financiamento. Com o objetivo de discutir a reciclagem energética, o Sinplast-RS realizou em setembro o Fórum Gaúcho de Reciclagem Energética de Resíduos Sólidos com Ênfase em Plásticos, na Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs). Um novo encontro, agora chamado de Energiplast 2011, será realizado no próximo ano, no mesmo local.
(Por Jefferson Klein, JC-RS, 13/12/2010)