Afinal, as novas regras defendidas pelo Presidente Barack Obama para limitar as emissões poluentes das indústrias vão ser adiadas, marcando um passo atrás nas políticas ambientais dos Estados Unidos.
Esta terça-feira, a Agência de Protecção Ambiental (EPA, sigla em inglês) pediu ao tribunal federal de Colúmbia um adiamento de 15 meses para tomar uma posição sobre as novas regras - que tinha proposto a 29 de Abril - para as emissões poluentes dos fornos industriais e incineradores de resíduos sólidos, algo a que estava obrigada fazer até 16 de Janeiro de 2011.
Segundo o jornal “New York Times”, Lisa P. Jackson, administradora da EPA, descreveu esta tomada de posição como uma decisão técnica e táctica. A responsável explicou que vai adiar o dossier por alguns meses para “obter mais interpretações” dos estudos sobre os impactos na saúde e sobre a tipologia dos fornos. A agência estima que estejam em funcionamento mais de 200 mil incineradores em indústrias, edifícios comerciais, hotéis e universidades
As novas regulamentações, que exigem às indústrias que adoptem tecnologia de controlo de emissões, pretendem reduzir a libertação para a atmosfera de mercúrio, chumbo, cádmio, furanos e outros poluentes.
Este adiamento marca o fim de um período de dois anos em que a EPA agilizou a alteração das políticas ambientais deixadas pela administração Bush. Agora, Barack Obama não tem condições políticas para impor regulamentação considerada demasiado lesiva para a economia norte-americana. Para alguns analistas democratas, trata-se apenas de uma atitude cautelosa da agência, num novo clima político.
Mas os industriais têm uma interpretação diferente. “Claramente, a agência ouviu os apelos dos industriais”, disse Keith McCoy, vice-presidente para o Departamento da Energia e Recursos Naturais da Associação Nacional de Industriais, citado pelo “New York Times”. “Esperamos que este seja um sinal que a EPA está a abrandar a imposição de regras muito pesadas e desnecessárias que iriam esmagar o crescimento económico e a criação de postos de trabalho”, considerou.
“Obama já sublinhou que na sua luta pela reeleição está mais do que disposto a mudar para conseguir um compromisso com os seus adversários”, comentou ao “New York Times” Frank O’Donnell, presidente do grupo Clean Air Watch.
A EPA prepara-se já em Janeiro para uma batalha difícil, ou seja, fazer avançar a regulamentação das emissões de dióxido de carbono das centrais de energia. “A administração (Obama) vai sentir muita pressão e será melhor chegar a uma espécie de acordo aceitável com os Republicanos do que ter a ameaça de um veto”, disse Jeffrey Holmstead, responsável pela Qualidade do Ar na EPA durante a administração Bush.
(Por Geraldes, Ecosfera, 10.12.2010)