As consequências das mudanças climáticas já estão sendo sentidas no cotidiano, como, por exemplo, as alterações nos padrões de chuvas e o aumento na acidificação dos oceanos, que vêm prejudicando a produção de alimentos em escala global.
A rapidez em que o aquecimento global está afetando nossas vidas não está encontrando paralelo nos investimentos em tecnologias limpas. É o que afirma o relatório "Innovating for green growth: Drivers of private sector RD&D", publicado nesta semana pelo Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável(World Business Council for Sustainable Development - WBCSD).
Utilizando dados da Agência Internacional de Energia (IEA), o WBCSD afirma que os investimentos em tecnologias de baixo carbono devem alcançar pelo menos US$ 750 bilhões ao ano até 2030 e subir para US$ 1,6 trilhões entre 2030 e 2050.
Além disso, as tecnologias atuais seriam capazes de reduzir no máximo 70% das emissões de gases do efeito estufa, então o investimento em pesquisa e desenvolvimento é indispensável para minimizar os piores efeitos das mudanças climáticas.
“A inovação está crescendo devagar porque as tecnologias emergentes são mais caras que as convencionais, então a escala de investimento costuma ser muito alta para companhias individuais. Os governos e empresas devem trabalhar juntos para criar uma rede global de incentivo para as tecnologias limpas”, afirmou Björn Stigson, presidente do WBCSD.
O relatório chama também a atenção para o fato de que o desenvolvimento dessas tecnologias representa uma oportunidade comercial, esse tipo de visão ainda estaria em falta para a imensa maioria dos governos e empresas.
“A chamada “Corrida Verde” pelas oportunidades ainda não está em ritmo total e os países e companhias que largarem na frente irão tirar proveito de nichos do mercado que têm enormes potenciais”, afirma o WBCSD.
Grande parte dessas oportunidades está em países emergentes, como China, Rússia e Brasil, que estão em franco crescimento econômico e podem optar por um desenvolvimento mais sustentável e têm políticas amigáveis para receber investimentos.
O relatório identifica 10 medidas para incentivar os investimentos em novas tecnologias:
1- Criar políticas de longo prazo que gerem confiança para os investimentos em pesquisa e desenvolvimento e diminuam os riscos das novas tecnologias.
2- Estabelecer um preço sobre o carbono, o que incentivaria as empresas a procurar soluções para reduzir suas emissões.
3- Criar fundos públicos.
4- Garantir os direitos de propriedade intelectual aos desenvolvedores de tecnologias de baixo carbono.
5- Facilitar a competição entre as empresas, para que o mercado possa escolher a melhor tecnologia pelo menor preço.
6- Incentivar a formação de mão de obra especializada.
7- Melhorar a infraestrutura e aumentar o número de centro de pesquisas em países emergentes.
8- Melhorar o diálogo e cooperação entre instituições publicas e o setor privado.
9- Agilizar decisões políticas com relação a programas de pesquisa e desenvolvimento.
10- Promover o intercâmbio de conhecimentos e criar padrões que possam diminuir os custos e facilitar a comercialização de novos produtos.
(Por Fabiano Ávila, Instituto CarbonoBrasil/WBCSD, 08/12/2010)