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2010-12-08 | Tatianaf

Associação Metareilá dos Povos Indígenas Suruí lança em Cancún o primeiro fundo de carbono indígena, mecanismo financeiro criado e administrado pelo Funbio para a conservação da Terra Indígena Sete de Setembro, em Rondônia, e o fortalecimento cultural de seu povo. São parceiros da iniciativa a ACT Brasil, o Forest Trends, o Idesam e a Kanindé.

Rio de Janeiro, 07 de dezembro de 2010 – Apesar do pessimismo mundial frente à falta de acordos e compromissos dos países com o clima mundial, que antecedeu à 16° Conferência das Partes da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-16), em Cancún (México), algumas organizações não governamentais e entidades brasileiras vêem no evento uma excelente oportunidade de apresentar projetos de melhoria e soluções sustentáveis ao meio ambiente.

A Equipe de Conservação da Amazônia (ACT Brasil), a Forest Trends, o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Susutentável do Amazonas (Idesam), o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e a Associação de Defesa Etnoambiental (Kanindé), juntos com a Associação Metareilá dos Povos Indígenas Suruí lançaram na última sexta (3) o Fundo Carbono Suruí, projeto de desenvolvimento sustentável e fortalecimento cultural aos povos da Terra Indígena Sete de Setembro (RO).

A iniciativa faz parte do Projeto Carbono Suruí, desenvolvido desde 2007 pelas organizações, que tem por objetivo financiar atividades de proteção, fiscalização, produção sustentável e melhoria da capacidade local dos indígenas, a partir da comercialização de créditos de carbono. Como resultado espera-se a conservação ambiental e o fortalecimento cultural.

A criação do Fundo, feita por sugestão dos indígenas, permite o início da comercialização dos créditos e consequente benefícios às comunidades Suruís. Os indígenas serão os responsáveis pela gestão financeira e implantação do Plano de Gestão da Terra Indígena Sete de Setembro. Os recursos obtidos pela venda dos créditos de carbono e os provenientes de outras fontes serão parte integrantes do Fundo Suruí.

“É importante ressaltar que todo recurso financeiro obtido pelo projeto com a venda dos créditos de carbono será revertido para o povo Suruí e para a implementação do projeto. As organizações parceiras somente dão suporte técnico à realização do Carbono Suruí”, explica Ângelo Santos, coordenador de Mudanças Climáticas e Energia Limpa do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), responsável pelo desenho e desenvolvimento do Fundo Suruí e que também capacitará a comunidade para a implantação desse mecanismo.

O projeto utiliza duas formas de compensação de carbono de maior relevância: o desmatamento evitado e conservação por estoques de carbono, medido pela Redução de Emissões do Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+); e o seqüestro de carbono, a partir do reflorestamento. “O lançamento do Fundo na COP-16 é muito propício no atual cenário mundial, ainda mais quando grande parte das discussões abordarão a implementação do REDD+ no Brasil e no mundo”, avalia Vasco van Roosmalen, presidente da Equipe de Conservação da Amazônia (ACT Brasil).

De acordo com o coordenador da Metareilá, Almir Suruí, o pagamento por serviços ambientais, especialmente a comercialização de créditos de carbono, representa uma alternativa nova e promissora para o povo Suruí. “Essa é a peça-chave do projeto que desde o seu início primou por um procedimento voltado à necessidade da comunidade Suruí de se apropriar dos conceitos e técnicas utilizados no mercado de carbono. Uma opção a mais para trazer novos rumos à gestão etnoambiental das terras indígenas”, avalia.

Floresta Suruí em 3D
Além do lançamento do Fundo, Cancún foi palco  da apresentação, junto ao Google Earth, do novo projeto Floresta Suruí em 3D, a partir da nova tecnologia 6.0. O objetivo é possibilitar ao usuário um tour tridimensional pela Terra Indígena Sete de Setembro a partir da recriação precisa de plantas e animais pertencentes à fauna e flora da região. Atualmente, o programa permite que o usuário localize na internet o território indígena e, por meio de ícones, obtenha informações a respeito dos costumes, das matas, dos rios, das estradas de terra, dos conflitos e dos desmatamentos que acontecem dentro da terra.

“Estamos nos preparando para o futuro. Cada vez mais queremos dialogar com o mundo. A tecnologia nos ajuda a fortalecer parcerias e a divulgar nossa cultura e atividades”, garante Almir Suruí.

As informações foram disponibilizadas na internet por meio do trabalho de mapeamento cultural, desenvolvido pela ACT Brasil. O presidente do órgão, Vasco van Roosmalen, destaca que o projeto do Google Earth é uma prova de que os índios estão buscando ferramentas tecnológicas para fortalecer seus valores socioculturais tradicionais. “A identificação de desmatamentos por essa tecnologia tem mostrado que a retirada de madeiras do território Suruí diminuiu consideravelmente. Dessa forma, vemos que a parceria vem sendo decisiva na proteção das florestas dos Suruí”, afirma.

(Envolverde, 08/12/2010)


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