A movimentação da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira, para levar a votação o projeto de reforma no Código Florestal mobilizou os brasileiros em Cancún. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, foi surpreendida nesta terça-feira em Cancún pela movimentação do Congresso e acionou o Planalto para adiá-la.
Também em Cancún, a senadora e ex-candidata à Presidência Marina Silva (PV-AC) ligou para o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), que teria se comprometido a obstruir a votação.
A aprovação do polêmico relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) no plenário da Câmara causaria contrangimentos ao Brasil na conferência do clima dias depois de o país ter anunciado a menor taxa de desmatamento da história.
"Acho inadequado. A proposta ainda não está madura [para votação]", disse a ministra, afirmando que a movimentação no Congresso é "de uma insensibilidade ímpar".
ONGs em Cancún prometeram nomear o Brasil como "Fóssil do Dia" caso o relatório seja votado. O prêmio de gozação é dado ao país que mais fez para atrapalhar o progresso das negociações. Até hoje, o Brasil só ganhou o Fóssil uma vez.
CONSTRANGIMENTO GLOBAL
Marina afirmou que o Brasil deveria ter feito em Cancún "anúncios que o país tem condições de fazer aqui", como a assinatura do decreto de regulamentação da Política Nacional de Mudança Climática e um número para o total de emissões do país em 2020 -- chegar ao final do período emitindo 1,8 bilhão de toneladas de gás carbônico equivalente em vez dos 2,7 bilhões de toneladas que emitiria caso nada fosse feito.
"O Brasil tinha de continuar proativo aqui", afirmou a senadora. "Isso criaria um constrangimento muito forte para os demais países."
(Folha.com, 08/12/2010)