A Confederação Nacional da Agricultura propõe que seus filiados plantem árvores para complementar seu rendimento e contrabalançar as emissões de carbono, segundo um relatório divulgado na segunda-feira.
Parte do setor agrícola brasileiro tem sido criticado por seus concorrentes internacionais por supostamente ampliarem sua produção à custa da destruição das florestas nativas.
O CNA, que representa mais de 1 milhão de ruralistas, está investindo R$ 40 milhões na realização de um estudo mais detalhado, que vai durar nove anos e deve resultar em propostas técnicas sobre como conciliar a proteção ambiental com a geração de renda.
A iniciativa pode sinalizar uma gradual mudança de perspectiva para um setor que até recentemente custava a se adaptar à crescente demanda internacional por produtos "verdes".
Plantar e preservar árvores não só contribui com a recuperação de propriedades rurais devastadas, como também permite que os produtores agrícolas diversifiquem seus negócios e reduzam os riscos relacionados ao mercado, segundo o relatório do Projeto Biomas.
"Nossa meta é corrigir possíveis erros (cometidos pelos agricultores), educá-los e tornar a pesquisa sustentável (mais acessível)", disse à Reuters a presidente da CNA, Kátia Abreu, antes de embarcar para o México, onde apresentará o projeto na conferência climática da ONU em Cancún.
"Nossa ideia é estabelecer modelos adaptados para cada bioma, que possam servir de guia para que os fazendeiros adaptem suas propriedades, principalmente as médias e pequenas, que não têm dinheiro para contratar seus próprios consultores", disse a dirigente ruralista, que também é senadora (DEM-TO).
O Projeto Biomas está sendo desenvolvido em parceria com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agrícola, estatal).
O estudo surge num momento de acirrado debate no Congresso sobre o novo Código Florestal. Se aprovada, a nova lei anistiará fazendeiros multados por desmatamento excessivo, e pode reduzir a área de conservação exigida em cada propriedade rural.
Segundo Abreu, uma das principais defensoras do novo código, a alteração do modelo florestal seria uma grande contribuição em longo prazo para a sustentabilidade da agricultura brasileira.
O Brasil tem quase 5,2 milhões de propriedades rurais, a maioria delas pequenas. A Embrapa disse que já começou neste ano as pesquisas em dois biomas --mata atlântica e cerrado -- e que uma terceira pesquisa será lançada em 2011.
(Reuters, Folha.com, 07/12/2010)