Uma reunião realizada na manhã de ontem determinou o reforço na fiscalização e na coleta de análises para determinar o grau de contribuição dos municípios e de indústrias na poluição do Rio dos Sinos, que chegou também ao Guaíba. Em conjunto, o Ministério Público Estadual, a Delegacia do Meio Ambiente (Dema), a Fepam e o Batalhão Ambiental vão intensificar o trabalho, nos próximos dias, a fim de finalizar os inquéritos civil e criminal para determinar os responsáveis pela mortandade de peixes. A Fepam apresentou estudo demonstrando que o causador principal é o esgotamento sanitário. Obteve consenso a conclusão de que o lançamento de efluentes químicos não é o que mais afetou os rios.
No entanto, ficou acertado que a Fepam e a Patrulha Ambiental (Patram) vão realizar mais coletas para análises também em áreas industriais para detectar supostas irregularidades. "No sobrevoo que fizemos, segunda-feira, observamos a coloração completamente preta da água que os arroios da maioria dos 32 municípios da região estão largando, principalmente, no Rio dos Sinos", afirmou o capitão da Patram, Rodrigo Gonçalves dos Santos.
Também ficou acertado que as análises serão feitas com a contratação emergencial de laboratórios externos e pela unidade laboratorial da própria Fepam. "Vamos preparar um kit básico para alguns parâmetros que poderão identificar, por exemplo, a carga orgânica envolvida", disse a presidente da fundação, Regina Telli. Para realizar esse trabalho, o Fundo Estadual do Meio Ambiente deverá viabilizar recursos para o custeio, no prazo de dez a 15 dias. "Enquanto os trâmites burocráticos são feitos, vamos garantir a continuidade das ações, pois não podemos perder tempo para conseguir as provas", destacou o promotor regional de Defesa do Meio Ambiente, Daniel Martini, responsável pelas regiões Metropolitana e do Vale do Sinos.
A delegada de Proteção ao Meio Ambiente, Elisangela Melo Reghelin, solicitou que sejam acelerados os procedimentos de coleta das análises para que, na medida do necessário, o Instituto-Geral de Perícias também possa ser acionado para realizar as provas criminais. "A prova é a alma do inquérito e somente com ela poderemos imputar responsabilidade criminal contra aqueles que contribuiram para danos contra a fauna e a flora dos rios", afirmou. Apesar de uma certa tensão inicial, todos os órgãos envolvidos reafirmaram a intenção de fortalecer a ação conjunta, iniciada no dia 2, quando peixes apareceram mortos no Rio dos Sinos.
(Correio do Povo, 08/12/2010)