A meta é ambiciosa: até 2020, um milhão de carros elétricos devem rodar no país. Mas para liderar o mercado, como deseja o governo, é preciso mais dinheiro e produção em massa.
A eletromobilidade é considerada a tecnologia de motores do futuro. Mas ela ainda apresenta algumas desvantagens, como deficiências na infraestrutura, o longo tempo para recarregar a bateria e a baixa autonomia do carro. Fabricantes, cientistas e políticos querem mudar esse quadro.
E ainda há quem diga que, quando o assunto é mobilidade elétrica, nada tem sido feito na Alemanha. Mas exemplos vêm de empresas como a BMW, que investe, atualmente, 400 milhões de euros em sua unidade de Leipzig. O plano é produzir aí motores elétricos a partir de 2013. Projetos semelhantes estão em andamento na Mercedes-Benz, Audi e Volkswagen.
Grandes fornecedores, como Bosch, Basf, Evonik e LiTec, juntaram-se num consórcio com a VW para investir nos próximos anos 360 milhões de euros na pesquisa e no desenvolvimento da bateria de íon-lítio. Há ainda importantes instituições de pesquisa, que também somam suas forças no projeto E-Mobility.
Plano ambicioso
À frente, está um mercado muito lucrativo pode ser explorado – e o governo federal alemão também sabe desse potencial. O ministro alemão da Economia, Rainer Brüderle, tem um plano ambicioso. "Precisamos trabalhar juntos. Nós queremos liderar o mercado e o fornecimento em eletromobilidade no mundo. O objetivo é que, até 2020, um milhão de carros elétricos esteja nas ruas na Alemanha. Trata-se, essencialmente, da competitividade da indústria alemã", diz o ministro, ao lembrar que o carro foi inventado na Alemanha há 125 anos.
Países como os Estados Unidos, Japão, China, Coreia ou França investem somas milionárias na montagem de uma indústria e de um mercado de motores elétricos. Em 2010 e 2011, os EUA investirão quatro bilhões de euros somente em sua indústria de baterias.
Ainda segundo o ministro alemão da Economia, foram investidos 500 milhões de euros na área de motores elétricos em 2010 e essa quantia deve ser mantida nos próximos anos. "Para mim, a pesquisa e o desenvolvimento nessa área sempre foram prioridade clara, mas também alerto para o início de uma corrida internacional por subsídios", diz Brüderle.
As indústrias e a pesquisa científica precisam, com urgência, de mais dinheiro para recuperar o terreno perdido. E é na questão técnica que envolve a bateria, o componente chave da mobilidade elétrica, que reside a maior dificuldade.
Liderança ameaçada
Quatro bilhões de euros seriam necessários para assegurar, até 2013, o desenvolvimento do projeto de pesquisa alemã mais importante, segundo um relatório parcial da Plataforma Nacional de Eletromobilidade (NPE, do alemão). Sob a coordenação do governo, fabricantes de automóveis, fornecedores de peças, empresas de energia, cientistas e sindicalistas reuniram-se, em maio, para discutir o plano.
Henning Kagermann, presidente da NPE, revela a pressa: "A questão sobre liderança tecnológica ainda está em aberto. Não podemos perder tempo. Se fizermos tudo certo, poderemos alcançar a liderança tecnológica em 2020. Isso quer dizer que não podemos nos ater somente a pesquisa e desenvolvimento, mas precisamos também desenvolver tecnologia de produção, pois precisamos fabricar um grande número para reduzir os custo".
Em outras palavras: os carros elétricos precisam ser produzidos em massa e incorporados ao cotidiano para que a Alemanha possa atingir a sua meta ambiciosa, de ser líder no fornecimento deste tipo de veículo.
Vale também a formulação do ministro Brüderle: "Nós não podemos falhar novamente na implantação de processos inovadores de produção de massa, como a aconteceu com o aparelho de fax e tocador de mp3".
(Por Sabine Kinkartz, DW World, 07/12/2010)