Degradação de mananciais, derrubada e depredação de árvores protegidas por Lei. Esses são apenas alguns exemplos das consequências das ações de empresas de exploração do eucalipto na microrregião do Baixo Parnaíba Maranhense. As denúncias foram reveladas em um "Diagnóstico de Impacto Socioambiental" produzido pela Organização Não-Governamental (ONG) Entrerrios na zona rural do município de Urbano Santos, no Maranhão.
De acordo com Ian Reges, presidente da Entrerrios, a elaboração do relatório partiu da solicitação dos próprios moradores de comunidades afetadas pela exploração do monocultivo de eucalipto. Segundo o documento, os danos ambientais são causados por duas empresas terceirizadas da Suzano Papel e Celulose: ACM e JS.
Reges explica que o objetivo do relatório é tornar público o problema sofrido pelas comunidades rurais de Urbano Santos. Assim, afirma que, neste primeiro momento após a divulgação da pesquisa, os integrantes da ONG estão analisando a repercussão midiática. "A comunidade está se interessando pelo assunto, mostra-se satisfeita em receber a informação, mas insatisfeita com a degradação", observa.
Futuramente, de acordo com ele, a Organização pensa em encaminhar o relatório para as autoridades competentes e convidar as empresas em questão para um diálogo com as comunidades. "Nosso trabalho não é prejudicar as empresas, queremos é cooperar a favor da proteção do meio ambiente", ressalta.
Um dos principais pontos destacados no estudo foi a "degradação de mananciais na zona rural em áreas de influência da Suzano Papel e Celulose". Através de fotos, Entrerrios mostra, por exemplo, represamento de riacho depois de elevação de estrada, materiais deixados no riacho após a saída de veículo que retira água para irrigação, e resíduos de óleo e lama escoados para o riacho.
Ademais da contaminação da água, o documento cita entre os danos: a morte da fauna e da flora local e a eutrofização do curso d´água por conta do represamento do córrego.
O desmatamento de árvores protegidas por leis também é destaque no documento. De acordo com o Diagnóstico, a portaria n°113, de 1995, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), "proíbe o corte e a comercialização do Pequizeiro"; entretanto, diversas árvores da espécie foram encontradas abatidas e degradas nas áreas pesquisadas.
Além de prejudicar os moradores locais, que têm na espécie uma fonte de alimentação e renda, a derrubada da árvore também causa danos à biodiversidade local, já que também serve de alimento para animais silvestres, conforme informa a pesquisa.
O documento ainda apresenta a opinião de alguns moradores sobre a ação das empresas na região e denuncia o transporte noturno de madeira nativa das áreas desmatadas para o cultivo de eucalipto.
Para ler o relatório, acesse aqui.
(Por Karol Assunção, Adital, 06/12/2010)