Na próxima semana, a Promotoria Regional de Meio Ambiente do Ministério Público deverá convocar os municípios para uma reunião emergencial. A ideia é estipular medidas para a fiscalização de irregulares de esgoto na Bacia do Sinos. Uma grande quantidade de carga orgânica (esgoto, chorume e lixo doméstico) pode ser causadora da morte das 17 toneladas de peixes desde quarta-feira. Essa é a suspeita das equipes do Batalhão da Polícia Ambiental, Ministério Público, Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente e Instituto Geral de Perícias. O material pode ser industrial ou por lançamento irregular no Rio dos Sinos
Oito empresas fiscalizadas
As investigações estão concentradas entre Sapiranga e Novo Hamburgo. "Cada município deverá fazer uma varredura para identificar irregularidades", afirma o promotor regional do Meio Ambiente, Daniel Martini. Ontem, as equipes continuaram o monitoramento do oxigênio do Rio dos Sinos e estão com a fiscalização intensificada. Conforme o capitão Rodrigo Gonçalves, da 2.ª Companhia Ambiental de Porto Alegre, oito empresas da região já foram fiscalizadas. A delegada de Proteção ao Meio Ambiente do Departamento de Investigações Criminais, Elisangela Reghelin, afirma que mais perícias serão feitas e em 30 dias deverá sair o inquérito.
Irregularidades - Os investigadores se reuniram ontem em Porto Alegre para debater os dados coletados durante a semana. Conforme o promotor regional do Meio Ambiente, Daniel Martini, em quatro pontos de Sapiranga, Nova Hartz, Parobé e Taquara foram constatadas irregularidades que estão em investigação. "Nossa outra hipótese é que tenha sido uma série de empresas que tenham uma corresponsabilidade por essa mortandade, pois para causar o problema de uma pluma de poluição, com tão pouco nível de oxigênio, e com extensão de 70 quilômetros, deve ter sido uma carga orgânica muito grande", diz.
Vazamento de chorume
Uma das irregularidades apontadas pelo Ministério Público é um transbordamento de chorume de um aterro sanitário de Sapiranga. O diretor de Meio Ambiente de Sapiranga, Júlio Agápio, explica que nesse local há uma Central de Triagem e Compostagem. "Ano passado um novo aterro sanitário foi construído um pouco mais afastado. Para levar o chorume até o novo local, uma estação elevatória foi construída, mas teve problemas." Agápio explica que o chorume não pode ser conduzido ao aterro, acontecendo o transbordamento. Até sexta-feira, a estação estará consertada. "Esse chorume não desembocou no Rio dos Sinos. Isso porque o líquido correu para o banhado e se depurou no solo."
Oxigênio
Ontem, os níveis de oxigênio no rio estavam semelhantes aos de quinta-feira, beirando 0,8 a 0,9 miligramas por litro. O assessor do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente do Ministério Público, Jackson Müller, conta que o Rio dos Sinos já sofreu melhorias, mas que a pluma de poluição continua avançando em uma velocidade de cerca de 30 quilômetros por dia.
Pluma
"Essa pluma está indo em direção à foz do Delta Jacuí, para em seguida desembocar no Guaíba. Ao encontrar um grande volume de água, essa pluma deve se diluir", explica Müller. O capitão da 2ª Companhia Ambiental da Capital, Rodrigo Gonçalves, diz que o número de peixes mortos diminuiu em Novo Hamburgo e São Leopoldo. Novas fiscalizações ocorrerão na próxima semana.
Nova Santa Rita - Tudo indica que a pluma de poluição já atingiu o Rio dos Sinos em Nova Santa Rita. Pescadores da Colônia Z5 viram peixes agonizando e tentando buscar oxigênio na superfície. Eram jundiás, birus, grumatã e lambaris de vários tamanhos. Contudo, o que mais preocupou as famílias ribeirinhas foram os alevinos (filhotes).
(Por Caroline Tatsch, Jornal VS, 06/12/2010)