Mais de 960m³ de madeira nativa já foram apreendidos pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente em uma operação que visa coibir o desmatamento na região do bioma mata atlântica — um dos seis tipos de biomas protegidos pela Constituição Federal— localizado no Estado em uma região denominada Serra Geral, entre os municípios de Osório e Jaguari.
A estimativa do Ibama é que pelo menos mais 960 m³ de madeira tenham sido derrubados, totalizando uma área devastada de aproximadamente 150 hectares.
O desmatamento ocorre em detrimento ao plantio de fumo e a madeira usada nas estufas que secarão as folhas depois de colhidas. Proporções de desmatamento de mata nativa semelhantes só são encontradas na Amazônia, ressalta o gerente do escritório do Ibama em Santa Maria, Tarso Isaia.
O alto número de denúncias motivou o Ibama a montar uma operação no início de novembro, que constatou que o problema está concentrado nos municípios de Arroio do Tigre, Segredo e Sobradinho. Mais de R$300 mil em autos de infração foram aplicados no período e 30 hectares de lavouras de fumo foram interditados.
— A área a ser interditada em razão de lavouras implantadas de maneira ilegal é muito maior. Temos muito trabalho pela frente e estamos bastante preocupados, a situação é desoladora. Vamos seguir com a operação por tempo indeterminado— diz Isaia.
As multas por desmatamento de área especialmente protegida podem chegar a R$5 mil por ha. Cada auto de infração é encaminhado para o Ministério Público Federal, pode gerar denúncia à justiça e o produtor responder processo criminal.
Contraponto:
O que diz o gerente da filial da Associação dos Fumicultores do Brasil em Arroio do Tigre e Sobradinho, João Paulo Porcher:
— Somos contra a qualquer tipo de desmatamento e ministramos uma série de orientações aos fumicultores relativas à preservação do meio ambiente, no nosso programa Verde é Vida. Incentivamos a plantação de árvores exóticas, como eucalipto, para posterior queima nas estufas. Quem derruba mata nativa e queima tem que ser punido. Acreditamos que os casos flagrados pelo Ibama sejam isolados e não correspondem a forma como a maioria dos produtores da região procede.
(Por Marina Lopes, Zero Hora, 03/12/2010)