A Índia espera atrair os Estados Unidos rumo a um novo acordo climático global através de uma proposta que compromete os países em desenvolvimento a prestarem contas dos seus esforços para conter as emissões de CO2.
Este é um dos temas que está a entravar as negociações de um novo tratado pós-Protocolo de Quioto. Actualmente, apenas os países ricos têm metas de redução e apresentam relatórios anuais sobre as suas emissões. Desde a última cimeira climática da ONU, há um ano em Copenhaga, países em desenvolvimento manifestaram a intenção de controlar o aumento das suas emissões, apresentando acções e números concretos. A nescessidade de reporte e verificação destas acções está consagrada no Acordo de Copenhaga - um documento de intenções, não-vinculativo, então adoptado por alguns países.
Mas a forma de se fazer este controlo tem sido um dos pomos da discórdia. Numa proposta levada à conferência climática da ONU que decorre agora em Cancún, México, a Índia sugere que os países que contribuem com mais de um por cento das emissões mundiais apresentem os resultados dos seus esforços de três em três anos. Os demais deverão fazê-lo uma vez a cada seis anos. De qualquer forma, as acções dos países em desenvolvimento permaneceriam voluntárias, sem penalizações em caso de incumprimento.
A proposta tem por objectivo "quebrar o impasse" e convencer Washington a negociar um novo acordo climático, "porque sem algum progresso na monitorização, reporte e verificação [de acções], os Estados Unidos não se juntarão ao barco", disse o ministro indiano do Ambiente, Jairam Ramesh, citado pela agência Reuters.
Desde o início da conferência de Cancún, segunda-feira passada, tem havido notícias de uma aproximação da China e dos EUA, que têm estado divididos nesta matéria.
(Reuters, Ecosfera, 02/12/2010)