O Brasil tem uma paranoia com a Amazônia, desconfia das ONGs e vê estrangeiros atuando na floresta como ameaça à soberania nacional, diz o relatório da Embaixada dos Estados Unidos sobre a Nova Estratégia de Defesa Brasileira, de 2009. O documento foi vazado nesta quarta-feira (1º) pelo site WikiLeaks.
“Enquanto o documento salienta que a região enfrenta crescentes desafios à sua segurança, de fronteiras sem controles a instabilidade potencial nos países vizinhos, também cede à tradicional paranoia brasileira sobre a atuação de ONGs e outras entidades estrangeiras, popularmente percebidas como potenciais ameaças à soberania do Brasil”, diz o documento, de agosto de 2009.
O texto faz comentários sobre vários aspectos da nova Estratégia de Defesa Brasileira, desenvolvida pelo ex-ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger. Os relatórios sobre o Brasil podem ser acessados aqui.
O relatório também desconfia da eficiência do plano. O projeto fala em substituir o serviço militar por um serviço civil, onde os cidadãos seriam convocados apenas em caso de ameaça ao país.
Os diplomatas americanos dizem que “a estratégia não dá, no entanto, nenhuma informação sobre em qual tipo de emergência nacional seria requerida a mobilização de milhões de jovens brasileiros mal treinados”.
Documentos causaram constrangimento aos EUA
O WikiLeaks ficou conhecido em todo o mundo após vazar documentos secretos sobre as guerras do Afeganistão e do Iraque. Nesta semana, o site fundado por um jornalista australiano, Julian Assange, divulgou relatórios confidenciais da diplomacia americana.
Os documentos causaram grande constrangimento aos EUA, por terem comentários sobre políticos de vários países do mundo. Os telegramas dizem, por exemplo, que o primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, e o seu protegido, o presidente Dmitri Medvedev atuam como “Batman e Robin” na política russa.
Outros dos de 250 mil documentos fazem referência ao Brasil. Um documento relata, por exemplo, um almoço entre o ministro da Justiça, Nelson Jobim, e o ex-embaixador americano, Clifford Sobel. Segundo o documento, Jobim fez críticas ao então secretário-geral do Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores), Samuel Pinheiro Guimarães - o que o ministro negou, após o constrangimento.
(R7, 02/12/2010)