A agência russa para a energia nuclear (Rosatom) anunciou a criação do primeiro ‘banco’ internacional de combustível nuclear, que ficará na Sibéria sob a autoridade da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA).
“O objetivo da instalação é a de reduzir ao mínimo o risco de outros países enriquecerem o seu próprio urânio”, explicou Guennadi Evstafiev, analista do centro de estudos políticos sobre a Federação Russa.
“Isto vai melhorar consideravelmente o controlo e a proliferação das armas nucleares”, acrescentou.
Instalado em Angarsk, este ‘banco’ é a primeira de uma dezena de instalações semelhantes propostas por diferentes países depois da descoberta, em 2003, de actividades secretas de enriquecimento de urânio no Irão.
A unidade russa dispõe de 120 toneladas de combustível nuclear fracamente enriquecido – entre dois e 4,95 por cento -, especificou a Rosatom.
Estas reservas poderiam satisfazer a necessidade de eletricidade de uma cidade com 12 milhões de habitantes durante um ano, segundo estimativas de peritos.
A AIEA aprovou a criação deste armazenamento e assinou em março com a Rosatom um acordo que permite aos países respeitadores do Tratado de Não-Proliferação obter urânio fracamente enriquecido.
Este tipo de combustível é utilizado hoje na maior parte das centrais nucleares civis russas.
A ideia deste armazenamento foi avançada pela Federação Russa, em 2007, por iniciativa do então presidente Vladimir Putin, abraçada pelos Estados Unidos e apoiada pela maioria dos membros da AIEA (23 em 25), tendo contado com a oposição de países como o Brasil e o Paquistão, que começam a criar os seus próprios programas nucleares.
“O principal problema com a energia nuclear é que os países procuram desenvolver o seu próprio ciclo de combustível”, observou Evstafiev, referindo-se à produção de urânio enriquecido por um número limitado de países.
(Lusa, 02/12/2010)