Um informe dos Amigos da Terra Internacional, lançado neste primeiro dia da COP 16 (29/11) mostra que projetos florestais perigosos estão sendo estabelecidos em países com florestas tropicais, julgando de antemão os resultados da inclusão do tema do desmatamento nas negociações sobre o clima realizadas pela ONU.
"REDD: as Realidades em Branco e Preto” revela que novos projetos que estão sendo aprontados na expectativa de um acordo sobre a “Redução de Emissões do Desmatamento em Países em Desenvolvimento” (REDD) podem causar mais danos do que benefícios.
Estudos de caso realizados por grupos membros dos Amigos da Terra em vários países mostram, conforme o divulgado, que os Povos Indígenas e comunidades locais estão sendo marginalizados no desenvolvimento destes esquemas. Enquanto as comunidades são prejudicadas, as corporações e grandes investidores tentam arrancar vultosos retornos financeiros. Grandes corporações transnacionais incluindo a BP, Shell e empresas de energia estão se afiando para REDD como uma nova oportunidade de negócios.
Muitos dos projetos e a maioria das propostas nas negociações da ONU relacionam REDD aos mercados de carbono, o que iria multiplicar ainda mais os riscos de depender das oscilações dos preços e dos mercados de carbono. Os Amigos da Terra explicam que, em essência, isto iria permitir a privatização das florestas para gerar créditos de carbono de modo que países ricos e industrializados pudessem comprar seu direito de poluir.
Além disso, estes projetos piloto e uma fraca definição de floresta utilizada pela ONU poderia permitir a continuidade da extração madeireira e a substituição de florestas antigas e nativas por plantações industriais de árvores.
O coordenador do programa de Justiça Climática do Amigos da Terra Internacional Joseph Zacune disse que, "os governos estão promovendo propostas perigosas para as florestas através das negociações sobre clima da ONU que colocam em risco as comunidades e o meio ambiente. Estes estudos de caso mostram que há uma corrida dos investidores corporativos para lucrar com esquemas florestais que não irão fazer nada para reduzir emissões e ainda poderiam prejudicar as comunidades locais”.
(Amigos da Terra Brasil, EcoAgência, 01/12/2010)