Os níveis de poluição do ar de Xangai triplicaram depois do fim da Exposição Mundial que decorreu este ano nesta cidade chinesa.
Durante os seis meses que a exposição durou, as fábricas e as obras de construção ficaram suspensas e os veículos estavam proibidos de andar nas ruas para garantir a qualidade do ar.
Desde 31 de Outubro, quando a mostra terminou, um manto castanho de partículas estagnou na atmosfera da cidade. Segundo o China Daily, a poluição actual é a pior dos últimos cinco anos.
“Durante a Expo, o Governo estava muito consciente da qualidade do ar e quis dar uma boa impressão aos visitantes estrangeiros”, disse Lisa Jin, uma estudante da Universidade de Xangai, citada pela agência Reuters. “Mas depois eles tornaram-se laxistas e não parecem preocupados com a qualidade atmosférica.”
Alguns temem que a poluição possa tornar Xangai pouco atractiva do ponto de vista financeiro. “Depois da Expo, os níveis de poluição aumentaram de uma forma fenomenal. Isto pode realmente ser uma limitação para o plano de Xangai em tornar-se um centro financeiro que atrai empresários”, afirma o consultor Nigel Shroff.
Segundo a agência de protecção ambiental de Xangai, a poluição deve-se a uma frente fria vinda do Norte. Os meses de Novembro e Dezembro, de acordo com a agência, trazem sempre ar de má qualidade.
Embora este fenómeno, juntamente com a queima de mais carvão durante o Inverno, contribuam para a poluição, alguns especialistas defendem que os principais culpados são as indústrias que voltaram a trabalhar e os veículos que passaram a circular na cidade.
“As medidas extremas que o Governo toma são temporárias e servem para um evento particular que dura um período de tempo curto. Não são realisticamente sustentáveis”, disse Mike Murphy, chefe da empresa de tecnologia verde IQ Air China. “Não acredito que no futuro mais próximo a poluição do ar em Xangai vá reduzir-se em quantidades mensuráveis. Mesmo que as antigas fábricas sejam fechadas e colocadas noutro sítio, há um grande número de veículos que continuam a entrar todos os dias na cidade”, afirmou.
(Reuters, Ecosfera, 30/11/2010)