Fazendeiros da região de fronteira estariam contratando pistoleiros para fazer ameaças aos índios guaranis e caiuás que vivem à margem da MS-289 entre as cidades de Amambaí e Coronel Sapucaia. A denúncia foi feita pelo Ministério Público Federal de Ponta Porã que solicitou investigações por parte da Polícia Federal sobre as ações praticadas contra os indígenas.
Conforme as denúncias que chegaram ao MPF, pistoleiros estariam ameaçando cerca de 130 indígenas que formam a comunidade Kurussu Ambá. Os índios reclamam que os pistoleiros tentavam retirá-los à força da área que consideram terra sagrada (tekoha) situada no interior da fazenda Nossa Senhora Auxiliadora, na margem da MS-289, entre Amambai e Coronel Sapucaia.
No dia 23 do mês passado, segundo relato dos índios ao MPF, um veículo estacionou nas imediações da fazenda e os pistoleiros que teriam sido contratados pelos fazendeiros fizeram ameaças. A situação ficou mais tensa após o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) ter suspendido a decisão liminar de reintegração de posse em favor dos proprietários da fazenda.
Diante da situação e para evitar que ocorram novas mortes provocadas pela disputa de terras entre fazendeiros e índios na região de fronteira com o Paraguai, o MPF, por meio do procurador da República Luís Cláudio Senna Consentino, enviou as informações à Polícia Federal de Ponta Porã, solicitando que sejam tomadas as medidas necessárias para que se apure o ocorrido.
Conflito
Os índios guaranis e caiuás disputam a posse das terras com fazendeiros desde 2006, quando um grupo foi expulso da Aldeia Taquaperi. Cerca de 50 famílias ficaram acampadas na porteira da Fazenda Madama, local que batizaram de Kurussú Ambá. Em janeiro de 2007 numa desocupação que teria sido executada por seguranças contratados por fazendeiros, a rezadeira Xurete Lopes, foi morta com um tiro no coração.
No mês de junho do mesmo ano, outra liderança indígena, Ortiz Lopes, teria sido assassinado pelos pistoleiros contratados pelos fazendeiros. Lopes foi morto na frente da mulher e das duas filhas. Conforme o MPF em nenhum dos dois casos os autores foram punidos.
(Correio do Estado, 29/11/2010)