Quase 200 países se reunirão no México a partir de segunda-feira para tentar chegar a um acordo sobre medidas modestas para tentar reduzir a mudança climática, um encontro ofuscado pelas tensões entre os EUA e a China.
A reunião, num luxuoso local de veraneio, no Caribe, chamado "Moon Palace," começa no dia 29 de novembro e termina no dia 10 de dezembro e tentará colocar as negociações novamente nos trilhos, depois que a reunião de cúpula do ano passado, em Copenhague, terminou sem que a ONU (Organização das Nações Unidas) conseguisse que um tratado para reduzir o aquecimento global fosse assinado.
Representantes dos países se reuniram no domingo para conversações preliminares que buscam acordos em medidas mais modestas, como por exemplo, um "fundo verde" para canalizar a ajuda aos países pobres, novos meios de compartilhar tecnologias limpas e proteger as florestas tropicais que absorvem o carbono, à medida que elas crescem.
"Esses são passos importantes, mas eles são pontuais e uma pequena parte do problema que o mundo está enfrentando," disse Johan Rockstrom, chefe do Stockholm Environment Institute (Instituto do Meio Ambiente de Estocolmo).
"Não podemos comemorar o que está acontecendo," disse ele.
Esse ano promete ser um dos dois anos mais quentes, desde que os registros começaram, no século 19. A equipe de cientistas especialistas em clima da ONU diz que o aumento da temperatura significa que haverá mais enchentes, secas, tempestades e elevações dos níveis dos oceanos.
DISPUTAS
A reunião, que será aberta pelo presidente do México, Felipe Calderon, vai tentar acabar com o impasse entre a China e os EUA, os principais emissores de gases do efeito estufa.
Cada um insiste que o outro precisa fazer mais para reduzir as emissões pela queima de combustíveis fósseis, um desentendimento que causou mais tensão numa relação já afetada por disputas em relação ao excedente comercial e o controle da taxa de câmbio da China. E nenhum dos dois está disposto a assinar um acordo obrigatório para reduzir as emissões.
O principal objetivo das conversações é encontrar um sucessor para o atual Protocolo de Kyoto, de 1997, que obriga todas as nações industrializadas, exceto os EUA, a cortar as emissões em pelo menos 5,2% abaixo dos níveis de 1990 no período de 2008 a 2012.
Tóquio disse na semana passada que seria "inútil e inadequado" que aqueles que apoiam o Protocolo de Kyoto, estendam o pacto sem mais ação da parte dos principais emissores. A UE também quer uma maior ação em troca de uma extensão de Kyoto.
Washington nunca assinou o pacto, dizendo que Kyoto omitiu, injustamente, metas obrigatórias para 2012 para as nações em desenvolvimento. Pequim e outros países emergentes dizem que as nações ricas precisam concordar com novas metas para 2020 e permitir que os pobres usem mais energia para acabar com a pobreza.
(Folha.com, 28/11/2010)