Os bispos do Regional Nordeste 2 da CNBB (Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte) se reuniram no município de Floresta (PE), no dia 8 de novembro, para tratar de vários assuntos internos e pastorais, e realizaram uma visita às obras da transposição de águas do Rio São Francisco, nos dias 9 e 10. Na oportunidade eles observaram a falta de revitalização do Rio e cobraram fiscalização nas obras de transposição.
“Os trabalhos de revitalização são praticamente inexistentes no trecho do Rio São Francisco de onde saem os dois Eixos da Transposição. Embora não tenham chegado a todas, os trabalhos de saneamento básico constituem exceção, porque estão sendo realizados em muitas cidades da bacia”. Os prelados também cobram mais fiscalização nos trabalhos. “Estes trabalhos, porém, deveriam ser melhor fiscalizados, pois existem fortes dúvidas quanto à qualidade e à utilidade das obras realizadas em várias cidades”, disseram os bispos em mensagem divulgada após a visita.
O objetivo da visita, que teve caráter pastoral, foi conhecer o andamento dos trabalhos e, sobretudo, ver de perto os reflexos e conseqüências da obra na vida das pessoas das comunidades atingidas. Eles também aproveitaram para manifestar solidariedade às comunidades que se sentem prejudicadas e detectar problemas sobre os quais se faz necessário um maior controle por parte da sociedade.
Na terça, dia 9, os prelados foram acolhidos pelo atual Ministro da Integração, Dr. João Santana. Ele apresentou todo o projeto de transposição aos bispos e, no período da tarde, eles visitaram algumas partes do Eixo Leste, o qual levará água para o Ramal do Agreste e para a bacia do Rio Paraíba, cuja nascente é em Monteiro.
No dia seguinte, com o acompanhamento dos técnicos do Ministério, foram visitados, no Eixo Norte, trechos do canal de aproximação que está sendo construído em Cabrobó e conheceram uma das Vilas Produtivas Rurais (VPR) que estão sendo construídas para recolocar as famílias, cujas casas ficaram na área desapropriada de Uri, em Salgueiro (PE).
Ainda quarta-feira, os bispos se reuniram no centro Dom Guanella, em Salgueiro, com um grupo de representantes de várias comunidades atingidas, em boa parte indígenas, que apresentaram suas dificuldades. Os principais problemas expostos foram: a indenização das terras, freqüentemente “irrisória” e demorada; as dificuldades de atravessamento do canal para os moradores que ficam com terras de um lado e de outro; e a grande rotatividade de trabalhadores que são demitidos depois de poucos meses de serviço. Uma grande preocupação, em particular, é relativa às terras indígenas; muitas das quais não foram homologadas.
Todos os dias, à noite, os bispos participaram de missas nas catedrais de Floresta e Salgueiro, acolhidos, respectivamente, por dom Adriano Ciocca Vasino e dom Magnus Lopes.
(Boletim da CNBB, IHU-Unisinos, 26/11/2010)