A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) será multada pelo governo do Rio em até R$ 50 milhões e deverá sofrer "intervenção ambiental", com fiscalização permanente dentro da companhia, em consequência de um vazamento de cerca de 2 milhões de litros de resíduos tóxicos no Rio Paraíba do Sul, ocorrida na manhã de ontem. O acidente colocou em risco o abastecimento de água de 8 milhões de consumidores do Estado.
O presidente da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), Wagner Victer, sobrevoou ontem o Paraíba do Sul e explicou que os efeitos do vazamento só poderiam ser dimensionados no fim da noite, mas adiantou que dificilmente o abastecimento será paralisado. Segundo ele, como o nível do rio está alto, o escoamento poderá amenizar o problema.
Victer alertou, porém, os moradores de cidades fluminenses como Piraí e Pinheiral, além da Baixada Fluminense, para a necessidade de economizar água até que a situação esteja mais clara. Victer ressaltou que "é necessária uma postura firme e uma multa exemplar" em relação à empresa. "E uma medida emblemática do ponto de vista ambiental. Esse tipo de acidente coloca a população em risco."
A Cedae faz a captação de água para a Estação de Tratamento do Guandu, que abastece todo o Rio e, sobretudo, a Baixada Fluminense, do Rio Paraíba do Sul. Segundo Victer, o vazamento foi controlado no início da tarde de ontem. A Assessoria de Imprensa da CSN não foi localizada para comentar o acidente.
A secretária estadual do Meio Ambiente, Marilene Ramos, explicou que o vazamento ocorreu em um tanque de acumulação de resíduos da lavagem de gases do alto forno da siderúrgica, em Volta Redonda. "É um vazamento grave", disse. Segundo ela, o único atenuante é que a empresa informou imediatamente às autoridades sobre o problema. "Já falei com o governador (Sérgio Cabral Filho) e vamos estudar como fazer legalmente uma intervenção na área ambiental da empresa."
Marilene reclamou da frequência com que ocorrem acidentes na CSN e citou o acidente ocorrido em agosto de 2009, quando houve vazamento de óleo na companhia no mesmo Paraíba do Sul. "Queremos uma fiscalização permanente para reduzir a frequência desses episódios."
(Por Jacqueline Farid, O Estado de S.Paulo, 28/11/2010)