Alunos dos cursos de Jornalismo, Engenharia Ambiental, pós-graduandos em Comunicação e Meio Ambiente e jornalistas profissionais assistiram a Terça Ecológica de novembro sobre “A tendência de aquecimento e as mudanças ambientais em curso”. O ministrante foi o professor do Departamento de Geografia da UFRGS e climatologista Francisco Eliseu Aquino.

Aquino iniciou explicando conceitos básicos de climatologia para o público, como as diferenças entre clima e tempo e El Niño e La Niña. Em seguida, destacou o efeito estufa como um fenômeno natural, o qual está sendo intensificado pelas práticas humanas, mas que se torna fundamental para manter a vida na Terra, pois sem ele estaríamos a -18°C.

O climatologista mostrou muitos dados ao público, os quais revelam a tendência de aquecimento do planeta. Gráficos de anomalia da temperatura média mensal mostram que tanto os períodos de janeiro a abril de 2010, quanto o de março a maio, são os mais quentes dos últimos 100 anos. Isso indica que este ano vem batendo, mensalmente, recordes de altas temperaturas, só perdendo para 1998 (ano em que ocorreu o El Niño mais forte do século).

Questionado sobre períodos de frio e granizo, que se mostram opostos a questão do aquecimento, Aquino explicou que eles são o resultado da instabilidade da atmosfera, pois “um planeta mais quente tem mais evaporação de água, logo mais nuvens, mais tempestades e maior incidência de eventos extremos”.

No que se refere às regiões polares, o climatologista destacou a importância da Antártica e o fato de 90% de todo o gelo do planeta estar nesse continente, enquanto 7% está na Groelândia e os restantes 3% em áreas montanhosas. E ressaltou: “o aumento médio previsto para o nível do mar (1 metro) refere-se apenas ao derretimento dos 3% de gelo nas geleiras de montanhas, ou seja, o da Antártica nem está contabilizado nesse cálculo”. Estimativas indicam que se a Antártica tivesse o seu manto de gelo derretido o nível médio dos mares aumentaria 50 metros.

Questionado sobre o papel do grupo de pesquisadores do Centro Polar e Climático da UFRGS, do qual participa, Aquino afirmou que a importância das pesquisas realizadas na Antártica está não só nos seus resultados diretos obtidos, mas também no fato de ser um dos três grupos da América do Sul que participa diretamente e anualmente em expedições ao continente gelado.

Ao final da palestra, o professor lembrou a dificuldade que se tem, até hoje, em falar sobre as mudanças climáticas correntes, provenientes de ações antrópicas, e seus impactos futuros, isso porque ainda não se criou uma mentalidade de economia sustentável na maioria dos países. Assim, falar em aquecimento global, para muitos, ainda é falar em atraso no desenvolvimento econômico.

A Terça Ecológica é uma promoção do Núcleo de Ecojornalistas do RS, conta com o patrocínio da loja Grão Natural, da Petrobras e do Governo Federal. O apoio é da Faculdade de Comunicação e Informação da UFRGS.

(PCKA, EcoAgência, 26/11/2010)