O Estudo de Inventário do rio Uruguai no trecho compartilhado entre Brasil e Argentina, na fronteira do Noroeste gaúcho com as províncias de Misiones e Corrientes, aponta dois possíveis aproveitamentos hidrelétricos binacionais que somam 2,2 mil MW de potência: Garabi e Panambi. O próximo passo para a realização das usinas será dado pela empresa Ebisa, que lançará, até o fim do ano, o edital de contratação dos estudos de engenharia e ambientais, com o objetivo de aprofundar os projetos e adequá-los técnica, econômica e ambientalmente.
Na tarde desta quinta-feira, o Estudo de Inventário foi apresentado durante reunião técnica na cidade de Santa Rosa. O levantamento foi realizado pela Eletrobras, em parceria com a Ebisa, estatal argentina de energia elétrica. Participaram do encontro prefeitos e vereadores da região, representantes da sociedade civil local e o diretor de Planejamento e Engenharia da Eletrobras, Valter Luiz Cardeal de Souza.
O prefeito de Santa Rosa, Orlando Desconsi (PT), comenta que os complexos significarão os principais investimentos da história da região. As duas hidrelétricas absorverão cerca de US$ 5,2 bilhões em recursos.
"Estamos muito animados com as oportunidades que devem ser propiciadas para a nossa economia", afirma o prefeito. Conforme a assessoria de imprensa da Eletrobras, a expectativa é de serem gerados 40 mil empregos diretos e indiretos no decorrer das obras.
Desconsi admite que, por serem estruturas binacionais, aumenta a complexidade dos empreendimentos. No entanto, ele ressalta que já existem acordos entre os governos brasileiro e argentino para concretizar as usinas.
O assessor técnico em energia da Secretaria estadual de Infraestrutura e Logística, José Wagner Maciel Kaehler, enfatiza também que tanto o Brasil quanto a Argentina, precisam dessa produção de energia para satisfazer suas demandas nos próximos anos. As hidrelétricas de Panambi e Garabi, juntas, terão capacidade para atender aproximadamente a 60% da demanda atual de energia do Rio Grande do Sul.
Outro fator destacado por Kaehler é que a interrupção da operação da termelétrica Uruguaiana, por falta de gás natural argentino, fragilizou o sistema elétrico da fronteira gaúcha. As novas usinas resolveriam essa questão. O assessor técnico adianta que hidrelétricas desse porte implicarão impactos ambientais e sociais na região, devido à implantação de suas barragens. Ele lembra que se encontram na área várias pequenas propriedades que praticam atividades agrícolas. Kaehler calcula que a operação das estruturas possa ocorrer entre 2019 a 2020.
O projeto de uma usina binacional com a Argentina se iniciou em 1980, quando foi assinado um tratado entre os dois países para o estudo do potencial do rio Uruguai. Com a retomada do planejamento e das grandes obras no setor elétrico brasileiro, a iniciativa foi recuperada. Em 2008, a Eletrobras e a Ebisa assinaram o convênio de cooperação para a execução conjunta dos estudos de inventário do rio Uruguai, na fronteira entre o Brasil e a Argentina, e o estudo de viabilidade de um aproveitamento hidrelétrico, escolhido de comum acordo entre as partes. Em 2009, um novo convênio foi firmado visando à elaboração de um segundo aproveitamento no rio Uruguai.
(Por Jefferson Klein, JC-RS, 26/11/2010)