A International Paper (IP), maior fabricante global de papéis e embalagens, pretende entrar no segmento de embalagens no Brasil, hoje liderado pela Klabin. Segundo o presidente da IP Brasil, Jean-Michel Ribieras, a companhia já realizou estudos de mercado e está à procura de uma oportunidade para iniciar a operação. "Durante dois meses estudamos detalhadamente o mercado no Brasil e agora estamos analisando qual será a melhor alternativa para atuar localmente", explica Ribieras.
"Acreditamos não ser interessante construirmos uma fábrica. O negócio pode se dar por meio da aquisição de alguma empresa em atividade ou então a realização de uma joint venture", acrescenta.
De acordo com o executivo, na analise de campo para a futura operação no País, que ainda não tem data marcada para começar, estiveram envolvidas 10 pessoas.
Outra questão que será avaliada pela companhia é que, atualmente, a empresa não produz no País celulose de fibra longa usada na fabricação de embalagens como caixas de papelão ondulado, utilizadas para transporte e distribuição de produtos. Essa celulose concede maior resistência mecânica às embalagens.
A International Paper já atua no mercado de embalagens, na América Latina, com uma operação no Chile. "O Brasil é uma das nossas prioridades, já que o País é plataforma de negócios da companhia na América Latina", afirma o presidente da multinacional norte-americana. Mesmo com o real valorizado, o executivo confirma que a IP quer que as operações brasileiras da companhia continuem sendo a base para a ampliação de sua presença em toda a América Latina.
De acordo com Ribieras, faz parte dos planos da fabricante até 2013, a ampliação de sua planta em Três Lagoas (MS). Há previsão de início da segunda linha de produção para os próximos três anos, mesmo período que entrará em operação a segunda fábrica de celulose da Fibria na região, empresa fornecedora de celulose para a unidade de papel da IP. A planta do Mato Grosso do Sul, que completou um ano de operação no último mês de fevereiro, recebeu investimentos de cerca de US$ 300 milhões para sua construção.
Ainda de acordo com o presidente da IP para a América Latina, a ampliação da demanda nos países latino-americanos reforça a estratégia da companhia em chegar a 100% das vendas na região. Hoje aproximadamente um quarto das vendas é destinado a mercados como Europa e Ásia.Ribieras crê que a América Latina conseguirá deixar de ser um exportador líquido de papéis não revestidos nos próximos anos, isso graças à oferta e à demanda local que deverão ampliar a rentabilidade do investimento.
Concorrência
Esse movimento da International Paper rumo ao mercado de embalagens reflete a percepção do setor quanto às oportunidades de crescimento no Brasil. O perfil do mercado de papéis é diferente do de celulose, pois os setores mais próximos é que definem a produção das empresas. Assim, o aumento da renda no Brasil leva a um maior consumo de alimentos e bens de consumo e se reflete no aumento da produção de papéis.
Segundo o presidente da Suzano Papel e Celulose, Antônio Maciel Neto, é justamente o crescente nível de renda do brasileiro - e pelo aumento do consumo - que indica que, ao mesmo tempo em que o papel para imprimir e escrever deverá manter uma demanda mais estável, os papéis do tipo tissue (para limpeza e higiene) e para embalagem deverão apresentar maior nível de crescimento.
"Enquanto nos Estados Unidos o consumo per capita de papel está em 300 quilos e na Europa é de 250 quilos, na Índia ele é de sete quilos, e no Brasil, de cerca de 40 quilos", analisou ele. "Esse aspecto mostra que há boas perspectivas justamente nos países emergentes, como aqui, onde a renda está em alta, o que leva a um aumento do consumo por parte das classes C e D, que antes não tinham tanto acesso a determinados bens."
Outra empresa a anunciar investimentos é a Fibria, que pretende investir cerca de R$ 1,5 bilhão em 2011, segundo o presidente da empresa, Carlos Aguiar.
(Por Suzi Cavalari / Maurício Godoi, DCI, 25/11/2010)