O biólogo de Santo Ângelo Dante Andres Meller vem realizando há dois anos pesquisas sobre aves de rapina no Parque Estadual do Turvo. A unidade de conservação localiza-se em Derrubadas, no Noroeste do Estado, fazendo fronteira com a Argentina e divisa com Santa Catarina. O parque preserva mais de 17 mil hectares de floresta nativa do Alto Uruguai, o que faz do local referência para estudos de fauna e flora da região. Segundo o pesquisador, as aves de rapina - águias, gaviões, falcões, corujas e urubus - desempenham importante papel ecológico no meio ambiente. Meller explica que essas espécies ocupam o topo das cadeias alimentares e são responsáveis pelo controle de populações de animais como insetos, serpentes, roedores e outros de pequeno porte.
Quanto maior o número das aves de rapina em uma determinada área, mais saudável o local está, de acordo com o biólogo. "Muitas delas acabam desaparecendo em função de perturbações do homem, especialmente o desmatamento, muito comum na região, para a introdução da agricultura de grãos", explica o pesquisador. Meller salienta que, nestes dois anos de pesquisa e observação de aves rapineiras, verificou que algumas espécies estão criticamente ameaçadas de extinção em território gaúcho. Ele cita como exemplo o gavião-pato (Spizastur melanoleucus) e o gavião-de-penacho (Spizaetus ornatus), que já foram vistos e fotografados no local.
A pesquisa no Parque Estadual do Turvo é fruto do curso de pós-graduação em Ciências Ambientais que o biólogo realiza no campus de Santo Ângelo da Universidade Regional Integrada (URI). "O trabalho de Meller é um exemplo de conservação, já que na Região das Missões não há nem um parque para estudos e visitas, tanto de pesquisadores como de acadêmicos, hoje em dia tão sedentos de consciência ambiental", afirma a orientadora da pesquisa, professora Briseidy Marchesan Soares.
O biólogo se diz apaixonado pelo que faz e destaca que conhecer e conviver em meio ao ambiente natural é um privilégio do ser humano. "A conservação de nossas matas nativas deveria ser igualmente comparada à conservação da nossa saúde, pois todo aquele que experimenta a sensação de viver em contato com a natureza sente-se não só mais vivo como também mais feliz por estar vivo", afirma Dante Meller.
(Correio do Povo, 25/11/2010)