O plano de implementar uma usina para produzir energia a partir da incineração de resíduos em Porto Alegre será intensificado a partir do próximo ano, afirma o prefeito José Fortunati. "Estou absolutamente convencido de que a queima do lixo é ecologicamente mais adequada para a nossa situação", revela o dirigente.
Atualmente, em torno de 1,2 mil toneladas de resíduos recolhidos na Capital gaúcha e que não podem ser reaproveitados são transportados diariamente até um aterro sanitário em Minas do Leão, localizado a cerca de 100 quilômetros. Fortunati lembra que a alternativa da termelétrica evitaria a necessidade de movimentar os resíduos até outro município. Ele ressalta que essa operação causa impactos ambientais e de mobilidade urbana.
O prefeito acrescenta que não é possível precisar até quando o aterro sanitário em Minas do Leão terá vida útil adequada.
Fortunati salienta que a queima do lixo poderá gerar energia a ser aproveitada pela própria cidade de Porto Alegre. A prefeitura está analisando parceiros para desenvolver essa iniciativa. O assessor técnico do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), Carlos Vicente Bernardoni Gonçalves, diz que cinco ou seis projetos apresentados à prefeitura teriam viabilidade de ser implementados.
Em 2008, a empresa petroquímica Braskem anunciou o interesse em avaliar a instalação em Porto Alegre de uma termelétrica a ser alimentada com o lixo urbano. O investimento no empreendimento, na época, era estimado em cerca de R$ 100 milhões. A expectativa era de que a termelétrica seria abastecida pela unidade de compostagem situada na Lomba do Pinheiro, no bairro Agronomia, com o processamento de até 600 toneladas de lixo ao dia. No entanto, a ação não teve prosseguimento e não há um posicionamento atual da companhia sobre o assunto.
Para Gonçalves, as usinas são uma evolução quanto à destinação dos resíduos. Ele lembra que há cerca de 30 anos os detritos eram jogados em áreas isoladas, chamadas de lixões, até chegar aos dias de hoje com a utilização de aterros com cuidados de engenharia e de preservação. "As usinas serão um passo inevitável em Porto Alegre, mas é difícil apontar em quanto tempo isso se tornará uma realidade", projeta Gonçalves.
Apesar do custo de uma solução como essa ser maior do que o de um aterro no Brasil, o assessor técnico do DMLU aponta esse fator como um componente da equação e não um empecilho. No entanto, ele enfatiza que é importante debater questões como as tecnologias a serem empregadas e o local de instalação de um complexo como esse.
(JC-RS, 25/11/2010)