Um senhor francês, chamado Patrick de Bure, aposentado, que viveu no estado do Ceará durante um pouco mais de uma década, cultivou ao longo deste tempo mais de cem espécies de plantas aproximadamente, destas poucos exemplares eram conhecidos no Brasil, todas oriundas de climas tropicais e subtropicais provindas de todas as regiões, principalmente palmeiras, onde encontravam-se em sua chácara perto de Fortaleza, chamada Chácara Tarauaka.
Durante sua permanência no Ceará – um tempo bastante profícuo para a botânica – pois inúmeras experiências foram trocadas entre vários colecionadores,tanto no Brasil como no exterior, e houve um expressivo intercâmbio de espécimes, para o progresso do conhecimento da família Arecaceae (palmeiras) em nosso país. Destaca-se nessa categoria uma doação de 128 espécies raras para a ampliação da coleção do Sítio Roberto Burle Marx (Unidade do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) no Rio de Janeiro, com objetivo da preservação da biodiversidade e ampliação do vocabulário paisagístico.
No ano de 2005, veio a ocorrer o seguinte fato; uma arquiteta paisagista de nome Paula Fernandes, residente na cidade de Natal, veio visitar esta coleção e teve conhecimento de que o senhor Patrick venderia a Chácara Tarauaka, pois precisava viajar por motivos de saúde e teria que se ausentar do Brasil durante um tempo suficientemente longo para por em risco sua preciosa coleção botânica. Após este ocorrido resolveram então, juntos e ao longo de várias reuniões de trabalho, planejar a possível de criação de um jardim botânico em Natal.
Tal idéia lhes pareceu muito adequada, e de certa forma era, pois no mundo todo existem mais de 1.500 jardins botânico e praticamente só trinta estão localizados no Brasil.
Em maio de 2010, o Sr. Patrick de Bure, conseguiu vender sua propriedade, tendo tido antes o cuidado de providenciar o transporte da coleção existente em sua propriedade até então – dois caminhões carregados com 293 plantas (68 espécies) – para uma fazenda no município de Macaíba, a Fazenda Reis Magos, pertencente ao senhor Marcio Boaventura Maia, localizada a 30km de Natal, onde, segundo o plano conjunto com a paisagista Paula Fernandes, aquelas plantas constituiriam o núcleo inicial do novo jardim botânico da cidade de Natal.
Em uma de suas correspondências, a arquiteta Paula Fernandes escreveu: “Quando você voltar de viagem, poderão pegar suas palmeiras de volta, ou deixar aqui guardadas, para o futuro Jardim Botânico. Mas elas sempre serão de vocês.”
O senhor Patrick se submeteu a uma cirurgia para o implante de uma prótese total do joelho em 9 de junho de 2010, na França, e retornou, em 9 de Agosto, a Natal. Teve então a desagradável surpresa de saber que a arquiteta Paula Fernandes abandonara o projeto, alegando falta de tempo e incapacidade para administrar a criação do jardim botânico, e, pior, que as plantas encontravam-se abandonadas no local o qual foram alocadas.
A partir daí, o senhor Patrick não teve mais permissão de acesso à Fazenda Reis Magos.
Depois de algumas tentativas de diálogo com o proprietário da fazenda, o senhor Marcio Boaventura Maia, por meio de e-mails, mensagens de texto e ligações telefônicas, obteve apenas o silencio total como resposta. Seus esforços para recuperar o que resta das plantas, que estão morrendo, foram todos em vão. Elas estão em local inadequado, de muito vento, na sombra, há mais de seis meses. Trata-se de um crime ambiental!
Segundo a arquiteta Paula Fernandes, o senhor Marcio Boaventura Maia usou sua ajuda e o plano do jardim botânico como subterfúgio perante o IDEMA/IBAMA, para justificar o desmatamento de uma área de 150 hectares na Fazenda Reis Magos para que esta não fosse considerada terra improdutiva, podendo portanto ser desapropriada. Na verdade, ainda segundo o arquiteto, ele nunca teve a intenção honesta de desenvolver jardim botânico algum, mas apenas interesses pessoais e encontrou na alegada e louvável disposição de apoio à cultura, oportunidade de disfarçar suas ações nefastas.
Estes fatos estão sendo relatados para que a verdade seja conhecida e, quem sabe, a justiça seja feita!.
(Texto encaminhado por E-mail ao Ambiente JÁ, 25/11/2010)