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fundação o boticário
2010-11-25 | Luizabarbo

Organização tem oferecido importante contribuição para a proteção da natureza brasileira, consolidando-se como uma das principais instituições nacionais na promoção de ações que impulsionem os avanços da conservação da biodiversidade no país

Uma das primeiras instituições nacionais ligadas à iniciativa privada a investir na conservação da natureza, a Fundação O Boticário de Proteção à Natureza completou 20 anos no dia 21 de setembro. Nessas duas décadas, a instituição consolidou-se como uma das principais financiadoras de projetos de conservação no Brasil, tornando-se, também, referência em manejo de reservas privadas, além de ter inovado na criação de um mecanismo de pagamento por serviços ecossistêmicos em áreas de manancial. A organização também dissemina conhecimento, mobiliza a sociedade e estabelece parcerias para que mais instituições e pessoas contribuam para a causa conservacionista no país.

Com sede em Curitiba (PR), a atuação da Fundação O Boticário estende-se por todo o país. Suas ações ajudam ainda a amenizar os impactos das mudanças climáticas globais, já que evitar o desmatamento de florestas e de outras áreas naturais é um dos principais caminhos para a diminuição das emissões de gases de efeito estufa na atmosfera.

Apoio a projetos
Todos os biomas brasileiros já tiveram projetos apoiados pela organização. Nos seus 20 anos, a Fundação O Boticário doou U$ 10,3 milhões para 1.245 iniciativas, tendo como objetivo impulsionar o desenvolvimento científico no Brasil, ampliando o investimento em conhecimento científico e contribuindo para manter os ciclos ecológicos vitais para o equilíbrio no planeta. Podem concorrer nos editais de apoio a projetos, que a instituição abre a cada semestre, organizações não-governamentais ou fundações ligadas a universidades.

A importância desses projetos e do financiamento de pesquisas se mede pelos resultados que a Fundação O Boticário coleciona até hoje. Ao todo, 390 instituições brasileiras tiveram pesquisas financiadas pela organização, o que contribuiu para a descoberta de 37 novas espécies de plantas e animais, bem como a proteção de 164 espécies ameaçadas de extinção. Três das espécies descobertas receberam, inclusive, o nome Boticário em homenagem à instituição, como o peixe anual Aphyolebias boticario. Ainda por meio do apoio a projetos, a Fundação O Boticário também contribuiu para a criação, proteção ou manejo de 233 unidades de conservação no Brasil.

Reservas naturais
A própria Fundação O Boticário mantém duas dessas unidades, uma na Mata Atlântica e outra no Cerrado. As duas Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) da instituição protegem 11 mil hectares de Mata Atlântica e Cerrado, dois dos biomas mais ameaçados do país.

As RPPNs são áreas de uma propriedade privada destinadas à conservação da natureza – parte ou a totalidade dessas propriedades. Elas são mecanismos efetivos de participação da sociedade na conservação da biodiversidade, complementando os esforços públicos na criação de áreas protegidas e proteção de recursos naturais representativos de cada região, favorecendo o desenvolvimento da ciência, cultura e economia locais, além da educação ambiental e de atividades recreativas e de lazer. As RPPNs também possuem grande importância para a manutenção de políticas de criação e manejo de unidades de conservação pelos governos federal, estadual e municipal, no sentido em que podem agregar esforços para a proteção do entorno de unidades maiores, como os parques nacionais.
 
A primeira RPPN da Fundação O Boticário, a Reserva Natural Salto Morato, foi adquirida em 1994. Com área total de 2.340 hectares, está inserida no maior e mais preservado remanescente contínuo de Mata Atlântica do país, em Guaraqueçaba, no litoral paranaense. Em 1999, a área foi reconhecida pela Unesco como Sítio do Patrimônio Natural da Humanidade. Desde 2001, a reserva dispõe de plano de manejo, sendo considerada referência em manejo de reservas naturais.

A rica biodiversidade da área atrai pesquisadores e turistas. Em 16 anos, mais de 80 pesquisas foram realizadas na reserva e foram descobertas duas novas espécies de peixes (Trichomycterus guaraquessaba e Listrura boticario). Desde 1996, está aberta para a visitação pública e recebeu, até hoje, 70 mil visitantes de diversos estados brasileiros e também de outros países.

Em 2007, a Fundação O Boticário adquiriu as áreas que levaram à criação da sua segunda RPPN, a Reserva Natural Serra do Tombador, reconhecida como RPPN em 2009. Com 8,9 mil hectares, a reserva é a maior RPPN do Cerrado goiano e, também, a quarta maior de todo o Cerrado, o segundo bioma mais ameaçado do país. Localizada no município de Cavalcante (GO), a reserva está distante 22 km do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e contribui para a formação de um importante corredor ecológico na região. Atualmente, a Reserva Natural Serra do Tombador está em fase de implantação.

Iniciativa inovadora
Além de contribuir diretamente para a conservação de áreas naturais por meio de suas reservas, a instituição também premia proprietários de terras que preservam áreas de mananciais, por meio do Projeto Oásis.

Trata-se de uma iniciativa inovadora no Brasil de pagamento por serviços ecossistêmicos (benefícios gerados pela natureza, como a produção de água doce, de oxigênio e regulação do clima) que valoriza quem realmente protege a natureza, podendo consolidar-se como uma forma efetiva de conservação da biodiversidade brasileira diante da atual degradação de ecossistemas naturais.

Lançado em 2006 e implementado na região da Bacia do Guarapiranga, na Grande São Paulo, o projeto garante a conservação de nascentes d’água e vegetação nativa em terras particulares. A região é estratégica por sua relevância ambiental e importância para a conservação dos recursos hídricos que garantem o abastecimento de água para quase quatro milhões de habitantes do município de São Paulo.
 
Ao todo, integram o projeto 13 proprietários que historicamente protegem suas áreas naturais. Juntas, as propriedades somam 657 hectares de área natural e 82 nascentes. Para o pagamento desses proprietários, com recursos cedidos pela Mitsubishi International Corporation Foundation, a Fundação O Boticário desenvolveu metodologia própria que, além da conservação em si, tem o objetivo de ser adaptada e implantada em outras localidades do país e que, se possível, tenha continuidade por meio de políticas públicas.

Um exemplo já está acontecendo no município de Apucarana, no Paraná. Em agosto de 2009, a Fundação O Boticário formou parceria com a prefeitura da cidade para apoio técnico ao projeto de mesmo nome. A proposta prevê premiação para agricultores da região da Bacia Hidrográfica do Rio Pirapó que conservem suas áreas protegidas e adotem boas práticas de uso do solo, estimulando a ampliação do que está previsto em lei e incentivando a adequação ambiental das propriedades. Neste início de projeto, houve a premiação de 64 agricultores, totalizando a proteção de 235 nascentes e aproximadamente 338 hectares de floresta. As áreas em restauração somaram 34 hectares.

No exemplo de Apucarana, o beneficiário, no caso a companhia de abastecimento de água da cidade, é quem paga pelo serviço ecossistêmico garantido pelo proprietário de terra e poupa um investimento maior no tratamento da água. A intenção da Fundação O Boticário é que essa fórmula, ainda rara no Brasil, seja replicada em outras cidades brasileiras.

Esforços integrados
A Fundação O Boticário busca atuar em parcerias que possibilitem a difusão de ações de conservação no Brasil e que contribuam para a adoção de políticas públicas que considerem a proteção da natureza como prioridade.

A instituição está presente em movimentos, fóruns, e alianças que ganham força justamente porque agrupam diversas instituições que desenvolvem um trabalho efetivo em conservação e que, juntas, ganham representatividade junto aos órgãos responsáveis pelas políticas ambientais no Brasil.

Por exemplo, é membro e fundadora do Fórum Curitiba de Mudanças Climáticas e integra o Observatório do Clima, rede brasileira de articulação sobre o tema das mudanças climáticas globais, que teve como uma das principais conquistas, em 2009, a inserção de propostas no projeto de lei que criou a Política Nacional de Mudanças Climáticas.

A Fundação O Boticário também é uma das organizações responsáveis pela criação do Instituto LIFE, que desenvolve e gere a Certificação LIFE. O objetivo dessa certificação inovadora é qualificar e reconhecer organizações públicas e privadas que desenvolvem ações favoráveis à conservação da biodiversidade.

As parcerias estendem-se também a outras instituições que apoiam o trabalho desempenhado pela Fundação O Boticário. Esses parceiros também permitem uma maior divulgação da importância da conservação, aliando-se à causa e possibilitando maiores benefícios para a realização da missão da instituição.
 
 
Disseminação de conhecimento
A Fundação O Boticário contribui, ainda, com a geração e a disseminação de conhecimento científico relacionado à conservação da natureza. Realiza o Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), um dos maiores e mais renomados da América Latina na área. A sexta edição do evento, em setembro de 2009, reuniu 1.200 participantes de 11 países.

As Estações Natureza, criadas em parceria com o Grupo Boticário, são outro meio de disseminar conhecimento sobre conservação, neste caso com uma linguagem direcionada ao público em geral. Essas exposições interativas sobre a biodiversidade brasileira têm como objetivo sensibilizar a população urbana sobre a questão ambiental. Estão em operação duas unidades no país: uma em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, e outra em São Paulo, instalada dentro da Estação Ciência da Universidade de São Paulo (USP).

Fundação O Boticário: 20 anos em números

• U$ 10,3 milhões é o valor doado a projetos apoiados pela instituição;
• 1.245 projetos apoiados;
• 400 instituições contempladas com apoio financeiro;
• 233 unidades de conservação beneficiadas com os projetos apoiados, que incentivaram a criação, a proteção ou o manejo delas;
• 37 novas espécies de plantas e animais descobertas;
• 4 espécies com “sobrenome” Boticário, como homenagem dos pesquisadores que as descobriram;
• 164 espécies ameaçadas de extinção protegidas;
• 2 Reservas Particulares do Patrimônio Natural
• 11.240 hectares de áreas naturais protegidas em suas reservas (2.340 de Mata Atlântica e 8.900 de Cerrado);
• 70 mil visitantes na Reserva Natural Salto Morato desde 1996;
• Mais de 80 pesquisas realizadas na Reserva Natural Salto Morato desde a sua criação em 1994;
• 13 proprietários de terra da Grande São Paulo premiados pelo Projeto Oásis;
• 657 hectares de áreas naturais protegidas no Projeto Oásis em São Paulo;
• 82 nascentes protegidas no Projeto Oásis em São Paulo;
• 1 implantação em parceria do Projeto Oásis, em Apucarana (PR);
• 64 agricultores premiados em Apucarana;
• 235 nascentes protegidas no Projeto Oásis em Apucarana;
• 338 hectares de floresta protegidas no Projeto Oásis em Apucarana;
• 2 Estações Natureza em operação, uma em Corumbá (MS) e outra em São Paulo (SP ;
• 6 edições realizadas do Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação;


 
Fundação O Boticário: perspectivas e desafios

A Fundação O Boticário de Proteção à Natureza é uma das principais instituições nacionais na promoção de ações que impulsionem os avanços conservação da biodiversidade brasileira. Nos seus 20 anos, conquistou o reconhecimento da comunidade científica, de políticos, ambientalistas e do empresariado nacional, sendo uma das primeiras organizações ligadas à iniciativa privada a investir na proteção da natureza.

Os resultados que a instituição obteve até hoje resultam de um projeto audacioso há duas décadas. De acordo com a diretora executiva da instituição, Malu Nunes, a Fundação O Boticário nasceu em um momento em que a conservação da natureza ainda era um assunto restrito a um grupo ainda pequeno de ambientalistas e de pouca importância para políticos, empresas, cientistas e para a população em geral.

“Nascemos tendo nas mãos um projeto com muitos riscos e visto com desconfiança por muitos”, afirma Malu. “Hoje, vemos que iniciamos um movimento que estava muito à frente de seu tempo e isso se deve à visão do fundador do Boticário, Miguel Krigsner”, comenta.

O seu pioneirismo estende-se também às suas linhas de atuação, como o apoio a projetos de outras instituições, no pagamento por serviços ecossistêmicos e no trabalho em suas reservas naturais, consideradas referência em manejo de reserva particular. Essas e outras ações contribuem para a proteção da biodiversidade brasileira e para a mobilização da sociedade para a causa.

“Quando a Fundação O Boticário foi criada, investir em conservação parecia fora de propósito, mas o tempo provou o contrário. Depois de 20 anos de trabalho, percebemos que construímos um legado, algo que está além do negócio e da marca Boticário”, revela Malu Nunes.

A Fundação O Boticário é a principal expressão da política de investimento social privado do Grupo Boticário, que destina parte de seu faturamento líquido para esse fim, sendo que a maior parte desse recurso é para a conservação da natureza, por meio das ações da Fundação. Além desse recurso, a instituição conta com a contribuição dos franqueados da rede Boticário, com o patrocínio de outras organizações e empresas em projetos específicos, e com a doação de pessoas físicas.

Para a diretora executiva da instituição, depois de duas décadas dedicadas à proteção da natureza, a instituição está mais madura e com uma atuação muito consistente. “Desde o ano passado, temos investido esforços para promover a conservação da biodiversidade nacional não apenas em fóruns de ciência e pesquisa, mas também para toda a sociedade, fortalecendo a opinião pública com a troca de conhecimentos e informações para que todos se sintam aptos a também defender este objetivo”, revela Malu Nunes.

Para os próximos anos, a Fundação O Boticário busca, além do trabalho de apoio a projetos, proteção de áreas naturais e da biodiversidade, engajar pessoas e empresas na defesa da causa conservacionista como necessidade para a manutenção da vida no planeta. “Os grandes movimentos só acontecem quando há trabalho conjunto. Estamos rumando para uma tomada de decisão importante, pois o caminho que escolhermos agora traçará o futuro da humanidade. Certamente o planeta continuará existindo, com ou sem a nossa presença, mas queremos promover o equilíbrio, queremos manter a vida de todas as espécies, inclusive da nossa”, afirma.

“Queremos parcerias que efetivamente contribuam para a conservação da natureza, ou seja, que possamos melhorar ou ampliar nossos projetos, ou, ainda, construir novas iniciativas que façam a maior diferença possível nos índices de proteção das áreas naturais brasileiras. Mais do que isso, queremos que a sociedade perceba o valor desse esforço. Creio que o grande desafio, hoje, depois de 20 anos, realmente seja esse”, finaliza.

Sobre a Fundação O Boticário – A Fundação O Boticário de Proteção à Natureza é uma organização sem fins lucrativos, cuja missão é promover e realizar ações de conservação da natureza. Criada em 1990 por iniciativa do fundador do Boticário, a atuação da Fundação O Boticário é nacional e suas ações incluem proteção de áreas naturais, apoio a projetos de outras instituições e disseminação de conhecimento. Desde a sua criação, a Fundação O Boticário já apoiou já doou U$ 10,3 milhões para 1.245 projetos de cerca de 400 instituições em todo o Brasil. A instituição mantém duas reservas naturais, a Reserva Natural Salto Morato, na Mata Atlântica; e a Reserva Natural Serra do Tombador, no Cerrado, os dois biomas mais ameaçados do país.  Outra iniciativa é um projeto pioneiro de pagamento por serviços ecossistêmicos em regiões de manancial, o Projeto Oásis. Na internet: www.fundacaoboticario.org.br, www.twitter.com/fund_boticario e www.facebook.com/fundacaoboticario.


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