O ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, afirmou que o governo da presidente eleita Dilma Rousseff terá que tomar no ano que vem a decisão sobre a adoção de um novo programa de geração a partir de centrais nucleares no país. De acordo com ele, a partir de 2020 o Brasil precisará colocar novas térmicas nucleares em operação.
"É natural que essa discussão tenha que ser no ano que vem, porque, entre a decisão do programa nuclear e a entrada do primeiro megawatt em operação, a experiência nacional mostra que [o período] é entre oito e dez anos. Então, é importante essa discussão a partir do ano que vem para definir um novo programa nuclear brasileiro", afirmou Zimmermann, que participou da Conferência Hidroeletricidade Sustentável, no Rio de Janeiro.
O ministro confirmou que há uma tendência de crescimento, a partir de 2020, da participação da energia nuclear na matriz nacional.
"O Brasil detém tecnologia, tem reservas, então não tem por que não crescer a exploração. A partir do ano que vem novo governo tem que definir uma política nuclear porque temos que começar o novo programa nuclear", disse Zimmermann, lembrando que o plano feito em 2005 e 2006 apontava uma necessidade entre 4 mil e 8 mil MW de potência instalada a partir de energia nuclear em 2030.
"Se o novo governo refizer a avaliação para 2030, provavelmente vai ter outro cenário macroeconômico, outro cenário sobre crescimento de fonte", acrescentou.
Zimmermann também considerou que a decisão de Furnas de realizar uma chamada pública para o leilão de cinco usinas hidrelétricas que será realizado em dezembro foi um "problema de interpretação errada de algum dirigente".
O ministro revelou que foi feita uma reunião de esclarecimento, na qual ficou decidido que a Eletrobras faria uma chamada complementar para angariar sócios para a concorrência das usinas.
O ministro ressaltou ainda que não tem conhecimento sobre a possível saída da Petrobras do Equador e revelou que, como funcionário da Eletrobras, pode voltar para a companhia após o fim de seu período no Ministério de Minas e Energia, que termina no fim de dezembro.
(Por Rafael Rosas, Valor Online, O Globo, 23/11/2010)