O evento se realiza em Belém nos dias 25 e 26 de novembro, quinta e sexta-feira desta semana, e tem na pauta itens como a matriz energética, o Código Florestal e as perspectivas econômicas e socioambientais para a região amazônica na próxima década.
Os grandes investimentos previstos para os setores de geração de energia elétrica, biocombustíveis e mineração na Amazônia deverão caracterizar a economia da região nos próximos dez anos. Mas os impactos sociais e ambientais dos investimentos previstos ainda não foram devidamente dimensionados.
Nem tampouco as oportunidades que a economia poderá trazer para a sociedade no rastro do seu desenvolvimento. Para chegar a uma avaliação ampliada dessa discussão, o Fórum Amazônia Sustentável reunirá empresários, governantes eleitos, líderes comunitários e ONGs nos dias 25 e 26 de novembro, no Centro de Convenções Hangar, em Belém, durante o seu IV Encontro Anual.
“Se tomarmos com referência o estado do Pará, a previsão é de que cerca de 80% dos investimentos no setor econômico sejam direcionados para geração de eletricidade e extração mineral”, afirma o pesquisador Adalberto Veríssimo (Imazon), membro da Comissão Executiva do Fórum Amazônia Sustentável. Conforme estimativas a serem divulgadas pelo Imazon, a Amazônia deverá responder por cerca de 20% de toda a energia produzida pelo Brasil até 2020. A previsão do Plano Decenal de Energia é que o país terá 71 novas usinas até 2017, com potencial de geração de 29.000 MW, sendo 15 na bacia do Amazonas.
De acordo com Veríssimo, o momento requer um olhar mais amplo que inclua os riscos e as oportunidades para a economia amazônica a partir dos investimentos previstos para a região, sejam eles públicos ou privados. Para ampliar o debate sobre as perspectivas econômicas para a Amazônia, o Fórum promoverá no evento de Belém uma discussão sobre fontes energéticas tradicionais e alternativas.
Para Adriana Ramos (ISA), o Brasil vive um momento crítico para o futuro da Amazônia. “Por um lado reconhecemos sua relevância e assumimos compromissos com sua sustentabilidade. Por outro, continuamos a tratá-la como fonte primária de recursos naturais, de modo nem sempre adequado a essa perspectiva de sustentabilidade. É o caso dos investimentos em mineração e hidrelétricas, cujo planejamento não tem levado em consideração o papel da Amazônia no contexto da sustentabilidade socioambiental”, diz ela, lembrando que um dos papéis do Fórum Amazônia Sustentável é justamente reunir sociedade, governo e iniciativa privada em torno desse debate. Representado no Fórum por algumas das maiores companhias da Amazônia, o setor empresarial de vanguarda já atua com base no pensamento que integra economia, sociedade e meio ambiente.
“Os impactos ambientais de um empreendimento são algo que já deve fazer parte do planejamento das empresas. Agora, a questão social precisa ser reconhecida em sua complexidade para que os negócios possam trazer ganhos também para as comunidades”, define Túlio Dias, membro do Fórum e gerente de responsabilidade socioambiental da Agropalma – empresa que atua no setor de biocombustíveis. “Em nossas atividades diárias, nos envolvemos com questões de saúde, saneamento e educação sem tirar das populações locais a chance de conquistar por si próprias sua cidadania”, diz ele.
Novo cenário político nacional
No evento de Belém, o Fórum debaterá as políticas públicas para a Amazônia a partir do cenário político estabelecido pelas eleições deste ano. Por isso, um dos painéis do IV Encontro reunirá representantes do governo, um senador e um governador eleitos em 2010, Jorge Viana (PT/AC) e Simão Jatene (PSDB/PA), respectivamente. O Fórum aproveitará a reunião para iniciar a uma série de diálogos públicos com o objetivo de envolver diferentes setores econômicos e sociais e traçar caminhos para o desenvolvimento sustentável na região. “Somente com um debate aberto e franco e que envolva todos os segmentos da sociedade é que conseguiremos avançar para um futuro sustentável na Amazônia”, avalia Rubens Gomes, coordenador do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA). Segundo ele, as lideranças políticas, sociais, científicas e ambientais que atuam na região precisam se aproximar cada vez. “O Fórum é um dos espaços mais democráticos de que dispomos hoje”, afirma.
Durante IV Encontro do Fórum Amazônia Sustentável serão discutidos ainda temas como Código Florestal e Cadeias Produtivas Sustentáveis. A nova direção do Fórum para o biênio 2011-2012 será escolhida durante o evento.
(ISA, 24/11/2010)