O Brasil conseguirá atingir um resultado melhor do que a meta de redução de emissões de CO2 no setor energético com o atual planejamento energético do País, que privilegia a hidroeletricidade e fontes renováveis de energia. A previsão foi feita hoje pelo presidente da Empresa de Planejamento Energético (EPE), Maurício Tolmasquim, em palestra dada na Conferência Hidroeletricidade Sustentável, que acontece no Rio de Janeiro.
Segundo Tolmasquim, seguindo o atual plano decenal, o País chegará a 2020 com emissões do setor energético somando pouco menos de 700 milhões de toneladas de CO2, abaixo do que seria necessário para atingir a meta voluntária do Brasil assumida na Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em Copenhague (COP-15), no ano passado.
A meta assumida pelo Brasil é chegar a 2020 com a mesma intensidade de emissões totais de 2005. Segundo Tolmasquim, as emissões do setor energético, incluindo o setor de petróleo e gás, eram de 362 milhões de toneladas em 2005. Com a projeção do tamanho da população de Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, a meta para a manutenção daquela intensidade de emissão seria de 730 milhões de toneladas.
"Para fazer isso, o Brasil tem que cumprir o plano decenal (de política energética). O cenário que está no plano decenal não é uma referência, mas o plano para chegar ao cenário firmado em Copenhague até com uma pequena redução da intensidade de emissão em relação a 2005", disse Tolmasquim.
Ausência de parâmetros
Entre os planos brasileiros favoráveis à redução das emissões do setor energético, Tolmasquim citou a expansão de segmentos como energia eólica, biomassa e etanol e biodiesel, mas sobretudo a construção de novas hidrelétricas. Os projetos em planejamento devem agregar 20 mil megawatts (MW) ao sistema elétrico até 2020.
Conforme o presidente da EPE, o Brasil deve aproveitar a falta de restrição ambiental a esse tipo de projeto, já que a ausência de parâmetros para medir as hidrelétricas fazem com que o comitê internacional para mudanças climáticas não considere a possível emissão desse tipo de empreendimento. "Consideramos que as hidrelétricas são um instrumento importante para atender a meta brasileira de alcançar em 2020 a mesma quantidade de emissões de 2005."
Dados apresentados pelo presidente da EPE mostram que o Brasil já tem uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo. A participação das fontes renováveis chega a 47,3%, contra média mundial de 14%. "O grande desafio do Brasil é se desenvolver e tirar a população da pobreza conseguindo manter a mesma proporcionalidade da matriz", afirmou.
Ranking
O País, porém, já é o terceiro maior emissor de CO2 no mundo, mas ainda bem distante dos números de China e Estados Unidos, que lideram o ranking. No entanto, se for considerado apenas o setor de energia, o Brasil cai para 11º lugar.
A contribuição do setor energético (considerando combustíveis e siderurgia) para as emissões totais é de apenas 16,5% no Brasil, enquanto a média mundial é de 65%. Nos Estados Unidos e na União Europeia (UE), a participação do setor energético nas emissões totais é de 89% e 79%, respectivamente.
(Por ALEXANDRE RODRIGUES, Agência Estado, 24/11/2010)