Em um comunicado na última sexta-feira (19) a China divulgou suas metas para a redução das emissões de gases do efeito estufa (GEEs) e de consumo energético para o período entre 2011 e 2015.
De acordo com a agência de notícias Xinhua, o governo confirmou que vai cumprir os objetivos anunciados durante a Conferência do Clima de Copenhague no ano passado, como o de cortar a intensidade de carbono em no mínimo 40% até 2020 com relação aos níveis de 2005.
Além disso, os planos prometem “esforços progressivos” para estabelecer um mercado de carbono, desenvolver tecnologias limpas e incentivar a eficiência energética.
Ainda em julho, autoridades chinesas chegaram ao consenso da necessidade do mercado de carbono durante uma reunião da Comissão de Reforma e Desenvolvimento Nacional (NDRC). Segundo o jornal China Daily, o encontro decidiu que o comércio doméstico de permissões de emissão deve entrar em vigor até 2015.
A conclusão foi que colocar um preço no carbono seria indispensável para que a China consiga reduzir sua contribuição para o aquecimento global e também para alavancar uma economia de baixo carbono.
O mercado deverá ser independente das atuais negociações climáticas da ONU. A China é contrária a metas com poder de lei para reduzir as emissões e provavelmente não quer que isso influencie seu possível esquema de permissões.
De qualquer forma, a divulgação dessas metas deve deixar mais otimistas os negociadores para a próxima Conferência do Clima (COP 16) em Cancún, no México, que começa na semana que vem.
“A China, como um país responsável, sempre apoiará medidas conjuntas para combater os desafios das mudanças climáticas através da cooperação internacional”, afirma a declaração do governo.
Aproximação Difícil
Apesar do governo chinês sinalizar a intenção de colaborar para um acordo climático global, muitos apostam que a política de proteção da indústria nacional deve ser um obstáculo quase impossível de se ultrapassar. Isso seria ainda mais verdadeiro no caso com a relação com os Estados Unidos, que também estão muito preocupados com a sua economia.
A China é o maior emissor de GEEs do planeta, tendo recentemente ultrapassado os EUA. Os dois países, que juntos emitem 43% de todo o dióxido de carbono lançado anualmente na atmosfera, são peças fundamentais para um acordo em Cancún.
Mesmo que a COP fique mesmo focada em resolver os pequenos pontos para que um acordo seja fechado em 2011, é esperado um debate quente entre as duas super potências.
“O que está em jogo são interesses estratégicos e é por isso que mesmo os menores assuntos podem ser tão problemáticos”, explica Zhang Haibin, especialista em política internacional das mudanças climáticas da Universidade de Pequim.
Uma grande falha em Cancún pode resultar num racha ainda maior entre as nações ricas e os países em desenvolvimento e com os níveis de emissões já se aproximando de um ponto sem volta com relação às piores consequências das mudanças climáticas isso significaria grandes prejuízos para toda a humanidade.
“Será impossível lidar com o aquecimento global sem a redução das emissões desses dois países. Dessa forma, a movimentação deles será acompanhada com muita atenção por toda a comunidade internacional”, concluiu à Reuters Joana Lewis, especialista da Universidade Geogetown em relações climáticas e de energia entre EUA e China.
(Por Fabiano Ávila, Instituto CarbonoBrasil/Agências Internacionais, 23/11/2010)