Enquanto avança o plantio dos grãos de verão no Rio Grande do Sul, os efeitos da estiagem começam a aparecer. O fenômeno La Niña já repercutiu no último levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A estimativa é de uma colheita de 23 milhões de toneladas para o Estado, abaixo do registrado na safra passada, de 25 milhões. A preocupação do setor é com a produtividade, já que a seca deve afetar o rendimento dos grãos.
A safra de soja chegou a 50% do total da área semeada e já encontra problemas de germinação de sementes. Já o milho está com três quartos da área plantada. O agrônomo da Emater, Dulphe Pinheiro Machado Neto, explica que a possível falta de umidade para as lavouras que começam a entrar em fase de floração com mais intensidade, preocupa.
– Estamos com 75% da lavoura de milho implantada, mas entrando na fase crítica, começando o florescimento, que é a fase onde a planta precisa de mais água. Se não tivermos chuvas, podemos ter problemas – alerta.
A safra de arroz se encontra praticamente finalizada, com 97% da área semeada. A falta de umidade em algumas zonas produtoras dificultou a fase de plantio. Mesmo assim, os arrozeiros consideram que estão adiantados em relação à média histórica. Muito se deve ao trabalho de antecipação do plantio, recomendado pela assistência técnica, para evitar o período de seca.
O diretor técnico do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) informa que, em anos de La Niña, a produtividade do grão é maior. Mas Valmir Menezes alerta que a seca de rios prejudica a irrigação das lavouras.
– Aqueles rios com baixo volume de água podem secar. E as culturas que dependem deste tipo de fonte de água podem ter problemas. Isto já está ocorrendo em alguns rios.
Até o momento as pastagens para o gado ainda não foram afetadas, já que o período é de entressafra. Mas os produtores de leite estão atentos aos possíveis efeitos da falta de chuva.
Segundo dados da Fundação de Economia e Estatística (FEE), a estiagem que marcou a safra 2008/2009, último registro do período de La Niña, trouxe um impacto negativo de mais de R$ 3,5 milhões na economia gaúcha. Na ocasião, mais de 200 municípios gaúchos decretaram situação de emergência por causa da seca.
(Canal Rural, 23/11/2010)