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emissões de gases-estufa passivos da pecuária
2010-11-19 | Tatianaf

As iniciativas do governo brasileiro no setor pecuário para reduzir os efeitos do chamado efeito estufa sobre a camada de ozônio – faixa de gás responsável por evitar excesso de radiação ultravioleta sobre o planeta – estão entre os assuntos discutidos em Buenos Aires durante encontro coordenado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

Autoridades governamentais e técnicos da Argentina, do Brasil, do Chile, do Uruguai e do Paraguai também discutem a inclusão da agricultura familiar em projetos de produção de carne, além das políticas comuns ou individuais de cada país para os próximos dois anos no setor agropecuário.

O representante brasileiro no encontro é Márcio Portocarrero, secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Ele afirmou à Agência Brasil que o mundo considera os grandes países produtores de carne agentes no enfraquecimento da camada de ozônio. “O boi é um ruminante e libera, no processo de digestão do alimento, gases que influenciam na redução dessa camada. O que tentamos provar é que a partir do manejo, da tecnologia e de cuidados específicos no setor pecuário, podemos reduzir esse efeito.”

Uma das iniciativas do Brasil para contribuir com a manutenção da camada de ozônio, apresentada no encontro em Buenos Aires, é o Programa ABC que busca recuperar 70 milhões de hectares de áreas de pastagens. O programa também intensifica o uso de tecnologia na pecuária, incentiva a produção de bioenergia e trata do fortalecimento da produção de leite. “O programa foi lançado no plano de safra 2010/2011, colocando R$ 3 bilhões à disposição dos produtores para fazerem as mudanças necessárias em suas propriedades, de modo que eles possam assumir uma atividade sustentável.”

Uma das mudanças possíveis, segundo o secretário, é a introdução nas propriedades rurais de projetos de sustentabilidade ambiental. Eles permitem, por exemplo, que numa mesma área se desenvolvam a lavoura e a pecuária, com a preservação da floresta. “Com isso, o Brasil poderá incorporar mais 8 milhões de hectares de plantio direto aos já existentes no país. Nós temos a maior área de plantio direto em todo o mundo.”

O Programa ABC também permite a fixação biológica de nitrogênio no solo para reter o carbono e, assim, recuperar áreas de pasto degradadas. Esse processo recompõe o meio ambiente das propriedades rurais, o que pode possibilitar a recuperação de 40 a 70 milhões de hectares até 2020. “A meta que o governo brasileiro assumiu em Copenhague foi de 15 milhões de hectares de pastagens devolvidas à produção”, disse Portocarrero.

O secretário disse que existe uma tendência mundial para a substituição de uma parte da pecuária que lida com animais ruminantes por aves, por exemplo, como uma maneira de atender à demanda de uma camada da população do planeta que não deseja consumir produtos ligados a algum tipo de risco ambiental.

Ele não acredita que essa tendência na produção do setor pecuário signifique redução mundial da oferta de carne. “O previsto é que em 2020 o mundo tenha 9 bilhões de habitantes que precisam se alimentar de alguma maneira. A carne é a proteína mais nobre que existe. O que se discute – e por isso a FAO coordena grupos de discussão mundo afora – são as alternativas tecnológicas que possam ser adotadas de forma preventiva para manter a oferta de produtos pecuários.”

(Por Luiz Antônio Alves, Agência Brasil, EcoDebate, 19/11/2010)


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