O Rio Grande do Sul precisaria de R$ 12 bilhões para resolver o problema de saneamento. A informação é do presidente da Associação Brasileira das Concessionárias Privadas dos Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon), Yves Besse, que apresentou dados nacionais e estaduais ao Grupo Temático de Saneamento da Fiergs, em Porto Alegre.
O desempenho, de acordo com Besse, deve-se ao descaso do poder público e à dificuldade em entender mudanças recentes ocorridas no setor. "O Rio Grande do Sul insiste em manter uma organização que é da época do Plano Nacional de Saneamento, instituído em 1969", explicou. O modelo, segundo ele, faliu no final dos anos 1980 e foi substituído por outro, baseado na regulação dos serviços e na criação de planos municipais de saneamento. "O Rio Grande do Sul não está fazendo isso." O resultado, conforme o presidente da Abcon, é uma das piores estruturas de saneamento do país, com índices abaixo da média nacional. "Se continuar investindo no ritmo atual, levar mais de 90 anos para conseguir levar água e tratamento de esgoto a toda a população gaúcha", alertou.
Durante o encontro na Fiergs, Besse mostrou aos empresários gaúchos cases de sucesso administrados principalmente por meio de parcerias público-privadas. Assegurou que as empresas privadas têm demonstrado uma gestão eficiente. "Somos parceiros e não concorrentes dos operadores públicos. Temos condições, e a legislação permite, de trabalhar juntos pela universalização do acesso aos serviços de água e esgoto."
No RS, porém, 100% do serviço é prestado por agentes públicos. Uma proposta de emenda à Constituição, apresentada pelo deputado Ronaldo Zulke (PT) na Assembleia Legislativa, estabelece que os serviços de saneamento ambiental deverão ser executados por empresas públicas ou de economia mista com controle estatal. Para Besse, trata-se de um "retrocesso". "Descartar as empresas privadas como uma das alternativas para levar mais saúde à população é, no mínimo, uma irresponsabilidade."
DADOS
O RS possui 94% das residências atendidas com rede de água e 27% com coleta de esgoto. No Brasil, 20% das pessoas não têm acesso adequado a água potável. O desperdício de água é de 45%. n O RS conta com tratamento de esgoto em 11% de seus domicílios, enquanto que no Brasil o número é de 30%.
(Correio do Povo, 19/11/2010)