Uma extensa plantação de eucalipto da ex-Aracruz Celulose (Fibria) está gerando revolta entre ambientalistas e moradores das proximidades da Lagoa do Espelho, em Mucuri, na Bahia. Com 9,27 hectares, a lagoa está secando entre os plantios feitos pela empresa, desrespeitando a distância prevista em lei para plantios de monocultura próximos a Áreas de Preservação Ambiental (APA).
A denuncia foi feita pelo jornal Quilombo News e vem sendo repassada entre ambientalistas capixabas preocupados com o futuro das lagoas no norte do Estado.
A informação é que em Mucuri a Lagoa do Espelho está secando e seu espaço, virando lajedo por causa da aproximação dos plantios. O aspecto, contam os ambientalistas, é de uma lagoa com suas margens destruídas, assumindo aspecto de um “chão de sertão”, rachado e marcado pela agressividade da monocultura do eucalipto na região.
Esta cultura, além de nociva ao solo, afasta o turismo, lembram os ambientalistas.
O avanço dos plantios de eucalipto da Fibria não é a única ameaça. A Suzano Papel e Celulose S/A é acusada de despejar, até três anos atrás, os resíduos químicos da produção de celulose a céu aberto no rio Mucuri.
Atualmente, a empresa instalou as bocas dos canos no fundo do rio, de onde o líquido já sobe dissolvendo e causando uma mancha escura na água, segundo informações do Quilombo News.
Denuncias neste sentido também já foram feitas ao Ministério Público Estadual (MPES), devido à contaminação e ao desaparecimento de lagoas situadas no norte do Estado, entre comunidades quilombolas que resistem entre os eucaliptais da ex-Aracruz Celulose.
A cobrança é, portanto, para que haja no mínimo alta fiscalização e monitoramento dos resíduos despejados por estas empresas nos recursos hídricos no Espírito Santo e na Bahia.
Tais medidas evitariam, por exemplo, a agonia de peixes que estão morrendo com sinais avermelhados que vê sendo analisados por especialistas, a morte de animais domésticos e a destruição do solo e dos recursos hídricos. E permitiria, por exemplo, o turismo, o lazer dos moradores do entorno, a contemplação e a exploração sustentável da região.
(Por Flavia Bernardes, Século Diário, 17/11/2010)