Os riscos dos nanomateriais para o ambiente aquático foram discutidos durante a palestra do professor José Monserrat, da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), no 7º Seminário Internacional de Nanotecnologia, Sociedade e Meio Ambiente, organizado pela Fiocruz, de 10 a 12 de novembro, no Rio de Janeiro.
Segundo Monserrat, doutor em oceanografia biológica, muitas espécies aquáticas têm demonstrado respostas moleculares, bioquímicas e fisiológicas após a exposição a nanomateriais.
Dentre os possíveis efeitos tóxicos dos nanomateriais sobre as espécies aquáticas, destacam-se: expressão de genes associados à defesa antioxidante; peroxidação lipídica - processo que, deflagrado pela formação de radicais livres, acarreta alterações na estrutura e na permeabilidade das membranas celulares; danos ao tecido das brânquias, órgãos de respiração dos peixes; e alteração na frequência cardíaca.
Nanomateriais são aqueles que têm alguma dimensão na faixa de um a 100 nanômetros (um nanômetro equivale a um bilionésimo de metro ou um milionésimo de milímetro).
Nessa dimensão, os materiais apresentam propriedades diferenciadas que podem ser aproveitadas em variadas aplicações: como carreadores de medicamentos, em processos de biorremediação e como agente bactericida.
Entretanto, embora a produção e o uso de nanomateriais sejam crescentes, os atuais conhecimentos em nanotoxicologia ainda são insuficientes.
"O intenso desenvolvimento das aplicações tecnológicas dos nanomateriais não tem um paralelo com o grau de conhecimento dos potenciais efeitos tóxicos nem com normas que estabeleçam concentrações máximas destes compostos", destaca Monserrat.
Portanto, segundo o pesquisador, são necessários mais estudos para definir concentrações seguras de exposição aos nanomateriais, estabelecer normas de utilização e instituir regras adequadas para a eliminação dos resíduos associados à atividade nanotecnológica.
(Agência Fiocruz, Fátima News, 16/11/2010)