Ativistas do Greenpeace levaram uma mensagem para as semifinais do torneio French Masters de tênis, pedindo ao patrocinador do evento, o banco internacional BNP Paribas, que abandone o jogo nuclear e deixe de investir na construção de novas usinas, inclusive Angra 3.
Seis ativistas penduraram dois banners de 11 metros quadrados com a frase "Pare os investimentos radiativos" no Palais Omnisport de Bercy. O BNP é o banco que mais investe na indústria nuclear no mundo (foram €13,5 bilhões em projetos nucleares entre 2000-2009) e é parte de um consórcio de bancos franceses que vão financiar, com € 1,1 bilhão, o projeto no Rio de Janeiro.
"Da mesma forma que o BNP Paribas usa seu patrocínio no French Master para fazer propaganda de seus serviços, ele deveria propagandear aos espectadores seus planos de financiar a construção de um perigoso e obsoleto reator nuclear no Brasil", afirma Jan Beránek, coordenador da Campanha de Nuclear do Greenpeace Internacional. "Seus clientes devem considerar se querem ter seu dinheiro investido dessa maneira. Além disso, o BNP Paribas poderia anunciar que promoverá as energias renováveis no Brasil."
A construção de Angra 3 começou em 1984 e foi interrompida em 1986, depois do desastre nuclear de Chernobyl, quando os bancos retiraram seu financiamento de projetos desse tipo. A maioria dos equipamentos que serão usados para finalizar o reator é daquela época, anterior a Chernobyl, e mofa no local há 25 anos. Na França, país-sede do BNP, por exemplo, esse material não poderia ser usado - mas por aqui segurança não parece ser uma preocupação.
Outros problemas demonstram que a construção de Angra não deveria sair do papel. Só existe uma estrada de acesso ao local, que é frequentemente bloqueada devido a deslizamentos de terra. O Brasil ainda não apresentou uma solução permanente e segura para a estocagem dos rejeitos nucleares, assim como nenhum outro país do mundo.
Não houve nenhuma análise adequada de segurança da usina, com violação de normas internacionais. Em julho, um promotor público brasileiro chegou a recomendar à Eletronuclear e à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) que brecassem o projeto.
“O BNP poderia abandonar esse jogo perigoso e se tornar um campeão ao financiar fontes limpas e renováveis de energia", diz Sophia Majnoni d'Intignano, coordenadora da Campanha de Nuclear do Greenpeace na França.
(Greenpeace Brasil, 16/11/2010)