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política ambiental aracruz/vcp/fibria
2010-11-16 | Tatianaf

A Fibria/Aracruz e a ArcelorMittal gastaram quase R$ 1 milhão para financiar as campanhas de oito dos dez deputados eleitos que irão “representar” os capixabas na Câmara dos Deputados nos próximos quatro anos. Ficaram de fora do bolo das poluidoras apenas a estreante Lauriete (PSC) e a veterana Rose de Freitas (PMDB), que parte para o seu sexto mandato na Câmara.

Juntas, Fibria/Aracruz e ArcelorMittal conseguiram “eleger” 80% da nova bancada capixaba. A reportagem de Século Diário listou as dez empresas responsáveis pelas maiores doações destinadas aos candidatos eleitos à Câmara dos Deputados nessas eleições.

As dez empresas injetaram R$ 2.176.000 apenas nas campanhas dos federais eleitos. Depois da Fibria/Aracruz e ArcelorMittal, que lideram as doações com quase R$ 1 milhão, aparecem as empreiteiras que, juntas, “investiram” R$ 865 mil na bancada capixaba. Completam a lista das dez empresas que mais doaram às campanhas vencedoras a ADN Tecnologia, que atua na área de desenvolvimento de softwares, e a Mais Indústria de Alimentos – empresa adquirida pela Coca-Cola que também tem causado danos ambientais à população de Linhares (norte do Estado).

A Fibria/Aracruz e a ArcelorMittal desembolsaram, exatos, R$ 995 mil para as campanhas de oito dos dez deputados eleitos. O deputado Lelo Coimbra (PMDB) é o parlamentar mais “comprometido” com as poluidoras. O candidato preferido do governador Paulo Hartung (PMDB) recebeu as maiores doações: R$ 140 mil da Fibria e R$ 80 mil da ArcelorMittal.

A segunda grande bolada foi para a campanha de César Colnago (PSDB). O tucano recebeu R$ 110 da Fibria e R$ 70 mil da ArcelorMittal. Paulo Foletto, que é do mesmo partido (PSB) do governador eleito, Renato Casagrande, também não foi esquecido. Recheou o seu caixa de campanha com a terceira doação mais gorda: R$ 130 mil das duas empresas.

Nem a deputada reeleita Iriny Lopes resistiu ao assédio da Fibria/Aracruz. A petista, que tem uma história de luta pelas terras indígenas que foram apropriadas ilegalmente pela empresa, deixou as desavenças de lado para botar R$ 40 mil no caixa de campanha. Da ArcelorMittal a deputada do PT recebeu mais R$ 65 mil.

Contraditoriamente, dias atrás, a deputada comemorou a assinatura do decreto que homologa as terras indígenas Tupinikim e de Comboios, em Aracruz, norte do Estado, totalizando pouco mais de 18.154 hectares que a Fibria/Aracruz havia tomado dos índios.

Iriny, única parlamentar da bancada capixaba que aderiu à luta dos índios por suas terras, comemorou, ironicamente, a vitória nas urnas com a ajuda da Fibria/Aracruz e a assinatura do decreto.

Empreiteiras
Além das poluidoras Fibria/Aracruz e ArcelorMittal, as empreiteiras foram as grandes financiadoras das campanhas dos deputados eleitos à Câmara. Das dez empresas que mais contribuíram para as campanhas dos eleitos, seis estão envolvidas com a área da construção civil. Somadas, as doações alcançam R$ 865 mil.

Apenas Lauriete e Jorge Silva não contaram com o dinheiro de empreiteiras. Os demais deputados, em maior ou menor quantia, receberam doações das empreiteiras. As doações mais altas de Lauriete vieram de uma produtora musical (R$ 20 mil) e da Cisa Trading (R$ 25 mil), empresa que fez doações para diversas candidatos. A Cisa Trading, por exemplo, gastou R$ 280 mil para financiar as campanhas de Luzia Toledo (R$ 150 mil), Rodney Miranda (R$ 100 mil) e Élcio Álvares (R$ 30 mil). A empresa, velha conhecida do palácio Anchieta, já desfruta de privilégios no governo Hartung. Também não é para menos. O grupo paulista doou, em 2006, quase R$ 1,3 milhão à campanha de Hartung. Além dos três estaduais eleitos, a empresa colocou R$ 1 milhão na campanha de Renato Casagrande.

A deputada reeleita Sueli Vidigal (PDT), dona da campanha mais cara (R$ 1.999.778) da nova bancada, recebeu dinheiro de quatro das seis empreiteiras listadas. Só da Vitória Ambiental e Engenharia a pedetista levou R$ 200 mil. No geral, entre as empresas avaliadas, a deputada foi a candidata que recebeu de mais empresas: sete.

Além de ser o homem de confiança das poluidoras, Lelo Coimbra também mostrou que tem um bom transito com as empreiteiras. Só da Flexibrás, empresa que vai fabricar tubos para a exploração da camada de pré-sal, o deputado recebeu R$ 110 mil. A mesma empresa também colocou R$ 50 mil da campanha de Iriny. A petista arrematou outros R$ 100 mil da Unipetro, outra empresa ligada ao setor de petróleo e gás.

(Por José Rabelo, Seculo Diário, 15/11/2010)


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