Em março começa a ser construída em Sete Lagoas a primeira usina de energia solar da América Latina. O projeto é uma parceria entre a Cemig e a empresa espanhola de painéis fotovoltaicos Solaris. Ela terá capacidade de 3MW, e vai gerar energia elétrica suficiente para abastecer um município de até três mil habitantes. O custo de instalação da usina é de R$ 25 milhões e será dividido igualmente entre a Cemig e a Solaris.
Entretanto, de acordo com o gerente de Alternativas Energéticas da Cemig, Marco Aurélio Dumont Porto, o custo da energia elétrica obtida através da energia solar no Brasil ainda é quatro vezes maior do que a que se gera pela energia hidráulica, o que a torna inviável comercialmente. Isto acontece porque o Brasil não produz os equipamentos necessários para a construção de usinas solares, que precisam ser importados de países que a usam em larga escala, como a própria Espanha, a Alemanha, Estados Unidos e outros.
A importância do projeto de Sete Lagoas está no pioneirismo que abre portas para o domínio da tecnologia e a consequente utilização de energia limpa, proveniente de uma fonte inesgotável. A construção da usina será viabilizada dentro de um amplo projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Cemig, que visa o estudo da tecnologia solar na geração de energia elétrica. Para o projeto de P&D, estão previstos investimentos da ordem de R$ 40 milhões, sendo cerca de R$ 25 milhões para esta usina solar. “Essa será a primeira instalação de energia solar fotovoltaica conectada à rede de distribuição na América Latina”, destaca Dumont.
Há outras fontes alternativas de energia sendo pesquisadas na Cemig. Uma delas estuda a possibilidade de utilização do calor gerado pela queima do eucalipto para fazer carvão para a produção de ferro-gusa. A ideia é instalar caldeiras ou turbinas que usem este calor (que hoje é desperdiçado) para gerar energia elétrica. Outra fonte são os resíduos sólidos, com aproveitamento do gás gerado pelo lixo. Estes dois projetos da empresa ainda não saíram do papel. Um terceiro está sendo testado num laboratório que funciona em Igarapé e que visa produzir energia elétrica utilizando o hidrogênio. “É uma tecnologia ainda muito cara, obtida pela água”, explicou Dumont.
Segundo Marco Aurélio, Sete Lagoas foi a cidade escolhida para a instalação da usina solar por ter localização privilegiada, próxima a Belo Horizonte e ao Aeroporto de Confins, além de apresentar um índice de radiação satisfatório e por concentrar ações do projeto Cidades do Futuro, por meio do qual a Cemig está testando a automação das redes de distribuição e modernização do sistema elétrico no âmbito da tecnologia smart grid (redes inteligentes). A previsão é de que a usina de Sete Lagoas seja construída num prazo de quatro meses.
(De Fato Online, 12/11/2010)