A ideia de que o aquecimento global pode ser fatal para as florestas tropicais é questionável, segundo apontam evidências de pesquisa publicada na revista "Science" que mostra que, num outro período de aquecimento ocorrido há 56,3 milhões de anos, selvas da Colômbia e da Venezuela não foram prejudicadas – pelo contrário, cresceram de forma ainda mais exuberante.
Os cientistas analisaram pólen retido em rochas antes, durante e depois desse aquecimento global primordial. Naquela ocasião, as temperaturas do globo aumentaram entre 3 e 5 graus e o nível de dióxido de carbono dobrou em 10 mil anos. A temperatura elevada seguiu por um período de 200 mil anos.
Nesse tempo, a floresta apresentou um aumento no número de espécies muito maior que o número de extinções. Entre os fósseis da fase aquecida, foi encontrado pela primeira vez pólen de plantas da família do maracujá e do chocolate, entre outros.
Detalhe importante: essa fase mais aquecida foi também úmida. Por isso, é possível que o atual aquecimento global não seja prejudicial às florestas se o clima não ficar também mais seco. Os modelos que tentam prever o futuro climático do planeta prevêem tanto que a umidade pode cair como crescer – no caso específico da Amazônia, no entanto, predomina a teoria de que a floresta ficará mais seca.
(Globo Amazônia, 12/11/2010)