Estudo inédito realizado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sobre o banimento do amianto na construção civil brasileira e seu impacto econômico, mostra que o país está preparado para substituir esse mineral, banido em quase 60 países e considerado cancerígeno pela Organização Mundial de Saúde, que sugere o uso de materiais alternativos.
Intitulado “Avaliação do Impacto Econômico da Proibição do Uso do Amianto na Construção Civil no Brasil”, o trabalho é o primeiro realizado por uma universidade brasileira e tem como objetivo apresentar aspectos técnicos e comerciais sobre o impacto do amianto, desde sua extração, passando pela cadeia de transformação, comércio e transporte.
Realizado pelos professores Ana Lucia Gonçalves Silva e Carlos Raul Etulain, e com convênio de cooperação técnica da Associação Brasileira das Indústrias e Distribuidores de Fibrocimento (Abifibro), o trabalho da Unicamp reconhece que o amianto de qualquer espécie é cancerígeno. O estudo aborda a história do amianto no Brasil e retrata o panorama econômico em torno do mineral – produção nacional (Brasil está entre os maiores do mundo), consumo aparente, comércio exterior, indústrias que utilizam o mineral, entre outras informações.
O estudo também fala sobre a lei federal brasileira que dita o uso controlado do amianto e dos estados e municípios que atuam com legislação própria de banimento do mineral. Também reconhece que o Brasil já conta com tecnologia e insumos eficientes e recomendados para a substituição do amianto em suas aplicações como no fibrocimento. Diante deste cenário, a Unicamp atesta que o Brasil deve fazer parte, como um país em busca do desenvolvimento sustentável, da lista de países que baniram o amianto de suas atividades produtivas.
Outros países da América Latina baniram o uso do amianto no início do nosso século, como foi o caso do Chile e da Argentina em 2001, do Uruguai em 2002 e de Honduras em 2004. O Brasil pode ser o primeiro país do BRIC a posicionar-se contra o material.
A Associação Brasileira das Indústrias e Distribuidores de Fibrocimento (Abifibro), que acompanhou e contribuiu com informações para a realização desse estudo, trabalha para que o Brasil cumpra seu compromisso do banimento do uso dessa fibra, conforme disposto na convenção 162 da Organização Internacional do trabalho (OIT), da qual o é signatário.
“Cada vez mais o mundo pede por atitudes sustentáveis, tanto do poder público, quanto do privado e o Brasil, que tem ganhado cada dia mais projeção internacional, seja por sua atuação econômica, seja em função de inovação e tecnologia, não pode ficar fora disso”, afirma o presidente da Abifibro, João Carlos Duarte Paes.
(Inverde / AquiAcontece, 11/11/2010)